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Enviada em: 17/10/2018

"Não sei porque faço isso o tempo todo" é um trecho da música de Demi Lovato, em que ela lamenta o próprio descontrole acerca do uso de drogas. Esse sentimento limitante acompanha a realidade de muitos indivíduos, tornando-se reflexo daquilo que consomem e incapazes de alcançarem o bem-estar, uma vez que o vício, alimentado pelo comportamento compulsivo, compõe uma patologia. Diante disso, é fundamental que haja a união entre o Estado e os segmentos sociais, para que possam, efetivamente, auxiliar os dependentes na tentativa de trazer de volta sua saúde e autonomia.        De fato, o cenário brasileiro economicamente retrativo fragilizou as relações humanas, principalmente com os cortes de gastos, por parte do Executivo, direcionados à assistência. Enquanto as iniciativas estatais são insuficientes para o tratamento dos viciados, o narcotráfico movimenta bilhões de reais anualmente, segundo o site G1, observando-se o aumento da repressão policial no combate às drogas e, consequentemente, colocando a segurança dos cidadãos em um plano secundário. É perceptível, nesse pensar, que são prioritários os investimentos dedicados à criminalização, mas encontram-se ausentes as políticas públicas para coibir e tratar o consumo inconsequente das substâncias psicoativas lícitas e ilícitas.         Em outro viés, observa-se que os jovens pertencem à faixa etária mais vulnerável a consumir e depender de drogas, pois estão em período de formação, física e mental, e vivem cada vez mais sob o manto da aprovação imposta pelos grupos e pelas redes sociais. As situações de pressão em conjunto com a necessidade de serem aceitos os obrigam a buscar uma válvula de escape, como é o caso do álcool e do tabaco, perpetuando ciclicamente o vício e, na busca por compostos ilegais, o tráfico. Tal realidade é acentuada devido ao falho sistema educacional, sobretudo para as crianças e os adolescentes de baixo nível financeiro, de modo a prolongar a pobreza, a exclusão, tornar os jovens mais expostos à marginalidade e manter, assim, as disparidades sociais no país.       À luz dessas considerações, fica clara a importância de priorizar o combate aos viciados em drogas, em vez de seus traficantes. Para tanto, faz-se preciso que o Ministério da Saúde invista em clínicas de reabilitação, qualificando profissionais de assistência e ampliando serviços de atendimento médico, social e psicológico. Ademais, cabe ao Estado o compromisso de ressocializar os indivíduos prejudicados pelas drogas, especialmente os de classes menores, com oportunidades e incentivos ao estudo, a partir de campanhas nos programas de reabilitação, além de aumentar projetos de conscientização nas escolas. Ampliado, então, o auxílio aos dependentes, caberá apenas ao indivíduo o seu futuro e de sua comunidade.