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Enviada em: 25/05/2018

Desde Hipócrates, na Grécia Antiga, promover a saúde tem estreita relação com o conhecimento disponível em cada época. Nesse vetor, insere-se, na contemporaneidade, a doação de órgãos, uma conquista que, não obstante ser viabilizadora da dignidade humana, enfrenta dilemas diversos no tangente a sua urgente popularização.        Na dimensão factual, é importante buscar a gênese do flagelo. Em conformidade com o Ministério da Saúde, a não aceitação familiar é o principal obstáculo à doação, apesar de esta, em caso de morte encefálica, só ocorrer após a interrupção irreversível das funções cerebrais. Nessa acepção, falta à sociedade civil a "solidariedade orgânica", conceito do expoente sociólogo Émile Durkheim a partir do qual a coesão social só se estabelece com a consciência coletiva.        Em decorrência disso, irrompe o desafio. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), embora mais de cem milhões de brasileiros sejam aptos a se tornar doadores, o país ainda tem setenta mil pessoas na fila de espera da doação. Nesse sentido, a diminuta taxa de adesão revela déficit de conhecimento sobre a questão e corrobora a ideia durkheimiana, trazendo à tona a necessidade de medidas socioeducativas direcionadas a mitigar tal problemática.       Decerto, cabe aos grupos televisivos, em parceria com o Ministério da Saúde, a exposição maciça de campanhas publicitárias esclarecedoras sobre os trâmites da doação, de modo a frear a rejeição em voga. Ao Ministério da Educação, em parceria com as escolas públicas e privadas, convém a feitura de palestras e rodas de conversa com profissionais da saúde, além de doadores e receptores voluntários. Com isso, objetiva-se lograr uma educação mais altruísta e, assim, angariar mais doações. Desse modo, será possível, lenta e gradualmente, desfrutar do que o eminente médico Drauzio Varella chamou de "milagre da medicina moderna".