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Enviada em: 04/06/2018

O término de uma vida é um acontecimento bastante delicado e doloroso, pois a finitude do ser humano não é, na maioria das vezes, bem compreendida pelas pessoas. No contexto do diagnóstico da morte de um ente, a opção de doar órgãos por parte da família carrega consigo alguns dilemas, como a preocupação da possível comercialização ilegal e a dificuldade em aceitar a concretização do falecimento que tal doação representa.     No que tange ao comércio ilegal de órgãos, a fiscalização das fronteiras existentes entre os países, tanto subdesenvolvidos quanto desenvolvidos, tem sido precária. Consequentemente, com tal tráfico ganhando vultuosa relevância numérica de nações envolvidas, o medo da parcela populacional que se vê na possibilidade de vir a doar os órgãos de um parente só tende a crescer, ao passo que o número de doações inclina-se negativamente. Assim, a certeza de um gesto que seria de efeito donatário passa a ser o receio de possível aproveitamento desonesto de capitalização.     Ademais, a falta de conhecimento do significado de morte para a lei dificulta a aceitação do óbito do ente e a possível doação dos órgãos deste. Posto isso, o entendimento comum de que a morte seria a parada das funções cardíacas de um indivíduo, quando, na verdade, é confirmada por meio de exames que detectam a inatividade cerebral, leva os familiares a apegarem-se às esperanças de um retorno que não ocorrerá. Nessas circunstâncias, órgãos como o coração e pulmões, por exemplo, cujo tempo para serem transplantados é reduzido, tornam-se impossibilitados para envio a um receptor e ficam a espera de um destino que não aquele salvador de vidas.    Diante de tais perspectivas, é mister haver intervenção das falhas que resultam nos dilemas da doação de órgãos. A priori, deve existir maior união dos diferentes blocos econômicos no controle das fronteiras, a fim de tornar inviável o comércio ilegal de órgãos, uma vez que tais blocos detêm grandes poderes fronteiriços nos países adeptos. Além disso, para que tal prática criminosa não continue a ser um problema, os sistemas de saúde aliados com os sistemas de educação podem, por meio de campanhas midiáticas, promover o incentivo à doação de órgãos e os esclarecimentos à população sobre a segurança, qualidade dos procedimentos, o conceito de morte e a realidade de pessoas que estão nas filas de espera por doações. Aliadas, a fiscalização rigorosa e a educação das pessoas podem, pouco a pouco, reverter os impasses elencados.