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Enviada em: 23/06/2018

No final do século XVIII, a Revolução Francesa mostrou ao mundo que para a resolução de um problema social é imprescindível a mobilidade social em prol dessa mudança. Hodiernamente, contudo, pode-se perceber que esse ideal revolucionário encontra-se deturpado no Brasil, posto que os dilemas ainda vigentes acerca da doação de órgãos, seja pela indiferença familiar, seja pelo descomprometimento midiático, rompe com a noção de fraternidade tão preconizada pelos revolucionários.      A priori, vale ressaltar que, de acordo com Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, as sociedades pós-modernas têm como principal tendência o crescimento dos pensamentos individualistas em detrimento dos atos solidários entre as pessoas. De modo análogo, mesmo ante a relevância do ato de se doar órgãos, muitos indivíduos não consentem a doação de alguma parte de seus familiares em virtude da redução do olhar sobre o bem-estar social ou por pensar que nunca vão precisar desse tipo de oferta. Prova disso é o fato de a taxa de recusa familiar sobre essa atitude ainda representar 42% no Brasil, segundo a Organização Nacional de Transplante.      Outrossim, o desinteresse midiático em relação às causas públicas é outro fator que contribui para a permanência do problema em questão. A esse respeito, Max Horkheimer, filósofo que estudou a indústria cultural, afirmou que o sistema midiático contemporâneo perdeu a sua função social, pois tem como principal objetivo a difusão de informação como forma de arrecadação financeira. De mesmo modo, a indústria publicitária brasileira, alinhada aos interesses de mercado, não promove informações acerca da importância do ato de doar órgãos devido a sua baixa lucratividade. Assim, dificulta a suscitação de uma reflexão a esse respeito por parte da sociedade bem como no âmbito familiar.       Destarte, a fim de resolver os embargos relacionados a problemática em evidência no Brasil, o Ministério da Cultura, através dos canais de comunicação, deve elaborar e promover informações referentes a necessidade fecunda de se ofertar órgãos para todos os indivíduos que compõem a sociedade, com o fito de conscientizar a coletividade sobre essa iniciativa e fazer com que as famílias se compadeçam sobre essa importância. Aliado a isso, a sociedade civil (desde agentes de saúde a familiares) também deve distribuir carilhas que esclareçam sobre o modo como acontece os transplantes e o quanto um doador pode ser importante para salvar a vida de outras pessoas. Desse modo, poder-se-à alcançar o ideal de fraternidade defendido pelos franceses revolucionários.