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Enviada em: 02/07/2018

A doação de órgãos, prevista no Código Civil brasileiro, representa a única esperança para pacientes acometidos por moléstias sem tratamento clínico ou cirúrgico. No entanto, um grande dilema da temática é a longa espera por um doador, que causa frustrações aos pacientes e para ser reduzida é necessário superar dois principais obstáculos: o da conscientização e o da solidariedade.           Em primeiro plano, destaca-se que, por ainda ser um assunto cercado de tabus e medos, a morte é vista como uma realidade distante e improvável, o que diminui as discussões sobre a questão, considerada até como fonte de azar. Em decorrência disso, muitos não refletem sobre o desejo ou não de doar seus órgãos e quando o fazem, não comunicam a seus familiares, que ao ter que lidar com a situação, não sabem ao certo o que fazer, sobretudo, se ocorrer de maneira inesperada.  Desse modo, a conscientização da necessidade de se falar sobre o tema aparece como uma importante aliada no aumento do número de doadores e  diminuição das filas de espera.          Outra questão que circunda o tema é a empatia que a decisão, de doar os órgãos de um familiar, requer. Isso porque, no momento da despedida, o apego ao corpo e a crença errônea na possibilidade de deformação desse, podem ocasionar a recusa familiar em autorizar o procedimento. Nesse cenário, a empatia, que etimologicamente significa sentir no lugar do outro, ajuda a família a enxergar a grandeza que o gesto representa para quem depende dele para viver. Assim, a doação é,primordialmente, um ato de solidariedade e somente pode ser incentivada com a expansão de tal sentimento.            Nesse sentido, a luta para diminuir a espera por órgãos merece o empenho de todos, inclusive porque é um problema ao qual ninguém está imune. Portanto, urge que o Ministério da Saúde incentive o posicionamento da população, por meio da criação de uma plataforma online de validade nacional na qual todos possam se cadastrar permitindo ou negando a doação, a fim de agilizar o procedimento burocrático e poupar a família de tamanha responsabilidade. Outrossim, a mídia deve orientar a opinião pública através de campanhas publicitárias que divulguem a plataforma supracitada e conscientize sobre a importância da decisão, com o objetivo de obter maior alcance e adesão da sociedade.