Doação de órgãos e seus impasses O número de transplantes realizados no Brasil cresceu 63,8%, segundo o Ministério da Saúde. Matematicamente, 60% de um número pequeno representa um valor menor que a mesma porcentagem de um número grande. Desse modo, o dado apresentado pelo Ministério da Saúde, expressa um crescimento significativo, porém pequeno, em relação ao que potencialmente poderia ser. Esse cenário poderá ser revertido, à medida que problemáticas como culturalmente não ser um doador e do comércio ilegal de órgãos, sejam eficientemente analisados e equacionados. Em primeira análise, refletir sobre doação de órgãos significa indiretamente pensar sobre a própria morte. Agregado a esse tabu, a falta de conhecimento sobre processo de transplante, constrói a cultura de não expressar à família o desejo de ser um doador, embora seja simples. Segundo a legislação brasileira, não é necessário deixar documento por escrito, cabe aos familiares autorizar a retirada. Além disso, a ineficiência na fiscalização torna o Brasil um território propício para o comércio ilícito de órgãos humanos. Essa realidade foi retratada, pelo filme, Turistas, em que um casal, ao visitar um estado brasileiro, é vítima desse mercado. A facilidade de comercializar essa partes, inclusive fora do país, e a corrupção de hospitais, só aumentam o sofrimento de quem está esperando uma doação. Mostra-se imprescindível, portanto, que o Ministério da Saúde se posicione de maneira mais eficiente frente a essa problemática. Primeiramente, oferecendo, em postos de saúde, palestras de caráter informativo sobre a doação de órgãos, conjuntamente com descontos em planos de saúde como incentivo a essa prática. Além disso, em parceria com a Polícia Federal, deve intensificar as investigações sobre tráfico de órgãos, permitindo o uso de escutas em hospitais, a fim de aumentar a segurança, favorecendo um crescimento, ainda mais significativo, no número de transplantes feitos no Brasil.