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Enviada em: 31/10/2017

Na atual conjuntura brasileira, apesar do número de doadores de órgãos efetivos crescer cada vez mais, infelizmente, a falta de informação acerca dos procedimentos, o individualismo e a crise no sistema de transportes, são os principais empecilhos relacionados com tal ato solidário. O filósofo francês Émile Durkheim afirma que, a sociedade funciona como um organismo vivo, isto é, cada eixo do corpo social possui sua função, portanto, é fundamental a colaboração do Estado com a sociedade civil para a amenização dessa problemática.       O acentuado individualismo e o desconhecimento são os principais responsáveis pelo insuficiente número de órgãos disponíveis atualmente. Isso ocorre porque, os aspectos culturais característicos da pós-modernidade, hipervaloriza o caráter individualista, sendo assim, há a naturalização do processo de desvalorização dos interesses coletivos, atrelado a falta de empatia com os pacientes na lista de espera. Ademais, o receio e a falta de informação predomina na consciência coletiva, em decorrência disso, ratifica-se a extrema necessidade de medidas públicas eficazes para incentivar a doação de órgãos.       Outrossim, nota-se que, a precariedade da logística dos transportes potencializa a atual situação do déficit no banco de órgãos e enxertos. A Força Aérea Brasileira é uma das principais viabilizadoras dos transportes, porém, segundo a Central Nacional de Transplantes(CNT), do Ministério da Saúde, entre os anos de 2013 e 2015, a FAB recusou 153 pedidos de transportes aéreos dos hospitais. Posto isto, a fragilidade dos recursos disponíveis tem a capacidade de catalisar a apreensão e a morosidade nos deslocamentos do órgãos para transplantes, desse modo, dá-se na inércia da lista de ''vidas suspensas''.       Torna-se evidente, portanto, a desconstrução da cultura do caráter não solidário, pois ocasiona prejuízos para toda a sociedade. Em razão disso, o Ministério da Saúde, em parceria com o meio midiático, deve realizar campanhas educativas, com a finalidade de disseminar informações acerca dos procedimentos, pois o desconhecimento, ainda, é um obstáculo na promoção de incentivo à doação de órgãos no Brasil.  Além disso, a Receita Federal, poderia aumentar os recursos disponíveis da FAB, com o objetivo de causar uma maior celeridade, mobilidade e aumento no atendimento dos pedidos de transportes aéreos, principalmente, nos casos de emergência. Dessa maneira, haverá a construção de uma sociedade brasileira mais solidária, como prevê a Magna Carta de 1988, e o número de pacientes com a vida suspensa diminuirá.