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Enviada em: 17/10/2017

Doente, abalado e paciente, essas são algumas expressões que definem a atual situação de grande parte da população brasileira que, em virtude da resistência das famílias dos doadores e de problemas no Sistema Único de Saúde (SUS), sofre enquanto aguarda um transplante. Há quem acredite que o Brasil conseguiu superar tais problemas, outros, no entanto, consideram que tais fatores ainda representam entraves para o sistema de doação. Em uma análise aprofundada da situação, observa-se que milhares de pessoas sofrem enquanto aguardam um transplante, devido à persistência de tais questões, e, portanto, essas situação deve ser combatida. Outrossim, há quem acredite que o Brasil superou os diversos entraves enfrentados durante o processo de doação de órgãos, pois, assim como demonstrado por dados do Ministério da Saúde, o número de transplantes cresceu cerca de 63,8% entre 2004 e 2014, evidenciando, dessa forma, uma melhoria no sistema de doação. Entretanto, há de se considerar que, apesar da melhoria nos índices de doação, esse resultado está longe do esperado, visto que devido a resistência e a ignorância das famílias dos potenciais doadores, que preocupam-se com o diagnóstico de morte cerebral, necessário para o prosseguimento do processo de doação, diversos transplantes deixam de ser realizados. Prova disso, é que no ano de 2015, assim como demonstrado pela Associação Brasileira de Doação de Órgãos, cerca de 22% das possíveis doações deixaram de ocorrer devido à negação familiar.  Ademais, vale destacar que, além da resistência familiar, o SUS representa um grande empecilho para a doação de órgãos no país, visto que os órgãos doados necessitam de transplante imediato, caso contrário são decompostos pela degradação celular e bacteriana, situação nem sempre atendida pelo SUS. Por conseguinte, vários transplantes deixam de serem realizados no Brasil devido a falta de médicos, transporte e equipamentos que permitam a agilidade no processo de doação.  Torna-se evidente, portanto, que a resistência familiar e a falta de estrutura do SUS representam dilemas para o sistema de doação de órgãos e devem ser combatidos. Cabe ao Ministério da Saúde investir na formação de equipes multidisciplinares que contém com médicos e psicólogos para dar suporte à família do doador e esclarecer todas as dúvidas do diagnóstico de morte encefálica, visando reduzir os índices de negação familiar. Concebe ao Governo aumentar o repasse de verbas para o SUS, afim de garantir as estruturas profissionais e materiais para o sucesso do processo de doação. Além disso, compete às ONGs, voltadas para a área da saúde, promoverem campanhas de cunho social com a participação de profissionais da saúde, visando socializar na sociedade a importância da doação de órgãos e a necessidade de conversar com os familiares sobre tal questão.