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Enviada em: 10/10/2017

Os avanços da medicina são uma conquista histórica da humanidade, hoje, é possível transplantar órgãos de pacientes falecidos e salvar a vida de muitos enfermos. Entretanto, em um país como o Brasil, aqueles que decidem sobre a doação se veem em um dilema entre salvar uma vida e violar o corpo de um parente. Esse pensamento deve, portanto, ser desestimulado pois pode trazer consequências humanas graves.    É valido ressaltar, antes de tudo, o papel da coletividade sobre essas atitudes. Para Durkheim, a consciência coletiva é capaz de coagir os indivíduos a agirem de acordo com as regras de conduta prevalecentes. Seguindo essa linha de pensamento, é possível perceber que, em alguns lugares do Brasil, ainda imperam valores religiosos conservadores que propagam a inviolabilidade do corpo, como atesta o elevado índice de rejeição a doação de órgãos onde a religião se faz mais presente. Assim, mudar essa mentalidade pode ser um primeiro passo.   Além da religiosidade, observa-se a importância das construções históricas nacionais para essa elevada perda humana. O pensamento do sociólogo Sérgio Buarque de Hollanda diz que o brasileiro é um ser cordial, ou seja, age de acordo com o fundo emotivo transbordante. Por isso, apesar da perda de um parente ser muito desagradável é preciso que, nesse momento, seja reconhecida pelos parentes do falecido que a doação de órgãos será imprescindível à diminuição de sofrimento de uma outra família. Assim, usar da própria emotividade do brasileiro pode facilitar a quebra do dilema.   Torna-se evidente, portanto, que fatores religiosos e emocionais dificultam a doação de órgãos no Brasil. Para reverter tal problemática, o Ministério da Educação, enquanto órgão competente, deveria contratar, por meio da realocação de recursos, que têm se mostrado insuficientes, profissionais da área de saúde para darem palestras sobre o tema em escolas, para que seja introduzida a importância em âmbito escolar. Ademais, cabe a mídia, na função de formadora de opinião, levantar o debate, na forma de ficção engajada ou reportagem, sobre a questão da doação de órgãos, expondo as consequências de sua negligência, para que as pessoas repensem e propaguem a atitude correta como valor.