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Enviada em: 24/10/2017

Segundo o escritor Franz Kafka, a solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana. Nessa perspectiva, a doação de órgãos torna-se fundamental para o aprimoramento da empatia de cada indivíduo, além de salvar a vida daqueles que dela carecem. Contudo, tal prática ainda é  muito escassa no Brasil em função da preponderância da individualismo no meio social, do tabu que a morte representa e do desconhecimento acerca desse processo, levando a um enraizamento e uma dificuldade de superação dos dilemas advindos com essa.          Uma das principais barreiras à doação de órgãos é a mentalidade individualista da sociedade. Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, a conduta auto-centrada e egoísta assumida pelo homem contemporâneo leva a uma liquefação dos laços sociais de unidade, dissolvendo rapidamente toda alteridade e compaixão que esse possa sentir pelo próximo. Esse rompimento com o altruísmo e com a empatia reflete-se na negação da doação da doação de órgãos por parte de 43% das famílias brasileiras, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde. Ademais, o aumento lastimável desse percentual está intrinsecamente relacionado a transformação da morte em um tabu, fato que promove um afastamento reflexão necessária para a superação desse drama, que castiga ainda um grande número de cidadãos.           Diante desse pânico provocado pela morte e pelo consequente escamoteamento de assuntos ligados a ela, muitas campanhas publicitárias acerca de doações de órgãos mostram-se lacrimosas e carentes de informações essenciais para tal prática seja efetivada. O desconhecimento por grande parte da população de como esse procedimento é realizado, o qual é fomentado pela  falta de preparo dos profissionais da saúde, que se reflete na carência de diálogo e de orientação direcionadas às famílias, é um grande entrave à autorização de tal prática. Assim, permanece a dificuldade do crescimento do número de doadores e perpetua-se o sofrimento de muitos indivíduos.             Portanto, diante da importância que a doação de órgãos apresenta para o meio social como um todo, é altamente necessária a superação das barreiras impostas a ela.Assim, o Ministério da Educação pode realizar projetos socioeducativos que visem à construção de uma consciência coletiva e a formação de cidadãos que valorizem a empatia, o altruísmo e a solidariedade. Além disso, o Ministério da Saúde poder reformular as campanhas acerca das doações de órgãos, fornecendo informações mais consistentes e promovendo o esclarecimento da população. Ademais, o poder público pode investir em cursos profissionalizantes e palestras destinados aos profissionais de saúde, nos quais haja o ensino acerca da importância do diálogo e da orientação para o aumento de  indivíduos doadores.