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Enviada em: 25/10/2017

Brás Cubas, o defunto autor de Machado de Assis, diz em suas "Memórias Póstumas" que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. Possivelmente no mundo atual ele constata-se seu veredito: a compostura de alta parcela de brasileiros frente os dilemas da doações de órgãos, mostrasse como uma das faces mais deterioradas das relações sociais contemporâneas. Nesse sentido, surge o celeuma da relutância em doar órgãos que persiste inerente a realidade do país, seja pelo desconhecimento do assunto, seja por religião ou tráfico de órgãos.   Em primeira análise, deve-se observar que a crença na vida após a morte é uma das principais características religiosas, evidencia essa, mormente no Egito Antigo, o que estabelece uma forma de  legado histórico-cultural que se insere na sociedade hodierna. Destarte, o pensamento baseado nesses dogmas gera uma relativa relutância de modo a aumentar as filas de espera por órgãos. Abrangendo esta problemática, a falta de orientação e notificação a respeito do conceito de morte encefálica (perda definitiva e irreversível das funções cerebrais) e da finalidade humana de doador desestimula a tendência familiar a consentir na doação. Relativamente a desinformação é um dos problemas encontrados no Sistema Único de Saúde (SUS), além da baixa infraestrutura auxiliando a escassez de órgãos.   Outrossim, a taxa negativa familiar (autorização da família para cirurgia) ainda assim avança sobre a conjuntura brasileira impregnando a sociedade de altos índices de rejeição, o que aponta o índice que cresceu de 41%,em 2012, para 47% em 2013, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Da mesma maneira, a falta de debater sobre o desejo de doar impede a família de permitir se deve ou não doar. Também a religião possibilita a crer em um milagre abrindo espaço para resistência na doação. Ademais é pueril pensar que há leis contra o tráfico de órgãos, que surge discretamente em escala global abrangendo ainda mais o mercado negro. Assim, com a problematização apresentada necessita essa de soluções.   Portanto, diante do exposto, constata-se a ação conjunta: sociedade, mídia e governo, no que se refere as leis, debates familiares e orientação sobre o assunto. Tendo isso em vista, é mister que o governo fiscalize por intermédio da criação de agentes governamentais específicos: casos de tráfico. Com ajuda da mídia transmitir a importância de doar órgãos por meio de cartazes com funções apelativas (chamando atenção do leitor) e criar debates sociais. Inclusive a ajuda de profissionais a sedimentar aos poucos a ideia de doar órgãos contribui com a difusão do conhecimento. Com os mecanismos supracitados poder-se-á transformar o Brasil em um país desenvolvido socialmente.