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Enviada em: 02/11/2017

Machado de Assis, narrador de memórias póstumas de Brás Cubas, demonstra em sua obra, uma visão social sobre a morte, atribuindo-lhe a ideia que o corpo tem seu fim assim que a vida termina. Tal ideologia, não se encaixa a atualidade, devido ao crescente número de doações de órgãos no Brasil, que segundo a Academia Nacional de Medicina, totalizaram um aumento de 5% em relação a 2015. Entretanto, algumas disparidades ainda são observadas, como a pouca disseminação de informações sobre o tema e a precária infraestrutura hospitalar.     Nesse contexto, é importante salientar, que de acordo com a Constituição Federal, os familiares tem total responsabilidade sobre os órgãos do paciente em óbito. Contudo, muitas famílias não viabilizam o transplante, o que corresponde ao principal motivo para que um órgão não seja doado no país. Esse fato, decorre da ausência de informações sobre a irreversibilidade da morte encefálica, pois muitos parentes ao verem o coração e o sistema pulmonar em funcionamento, não compreendem a gravidade da encefalia, o que fomenta para a debilidade no diálogo entre familiar e médico. Outro fator, sucede da falta de treinamento de muitos profissionais da saúde ao informarem sobre a possibilidade de doação, pela ausência de sensibilidade e de bioética do funcionário, de forma que muitos abordam o tema como um simples protocolo.     Vale ressaltar que acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o Sistema Único de Saúde é responsável por mais de 90% dos transplantes de órgãos, o que representa um fator de suma importância a saúde pública brasileira. Porém, é necessário visualizar que o sistema encontra-se deficiente, pois a maioria dos centros hospitalares não comportam uma estrutura para e realização da doação, visto que muitos não possuem o eletroencefalograma, aparelho utilizado para realizar exames neurais. Ademais, as longas filas de espera, ausência de especialistas e de psicólogos e terapeutas para auxiliar a família no processo, contribuem para a precariedade do setor.       Infere-se, portanto, que o Governo Federal adjunto aos meios de comunicação em massa cooperem para a melhoria dessa problemática. Com isso, cabe ao Ministério da Saúde promover a obrigatoriedade e implantação dos aparelhos neurais nos hospitais, como forma de diminuir a concentração de doadores em uma única rede hospitalar. Em suma, torna-se necessário a participação de psicoterapeutas para auxiliar a família no encadeamento, além de palestras educativas para médicos e enfermeiros, como forma de orientá-los em como abordar o assunto com os parentes. Além de debates na mídia, com o intuito de informar e incentivar a doação de órgãos. Assim, poderá desconstruir a ideologia de Brás Cubas, presentes em tantos brasileiros.