Materiais:
Enviada em: 30/10/2017

Bem mais que sete vidas    No filme "sete vidas", após provocar um acidente automobilístico com vítimas fatais, Ben Thomas redime-se salvando outras pessoas através da doação de seus órgãos. Assim como na ficção, esta prática ajuda várias vidas na realidade brasileira, mas essa quantidade seria maior se alguns obstáculos fossem resolvidos, tais como a burocratização e falta de infraestrutura do sistema de transplantes.     Em primeiro lugar, é importante mencionar como o processo de decisão pode diminuir o número de transplantações. A lei determina que apenas a família do provável doador pode permitir a captação dos órgãos saudáveis. No entanto, isso desconsidera a vontade do dono antes de morrer, uma vez que ele pode não ter comentado sobre o assunto com os parentes. Além disso, por se tratar de um momento delicado para os familiares, a pressão da escolha e a burocracia da doação e do falecimento acabam coagindo-os a optar pela pior opção: a de manter igual a fila de espera por um transplante.     No entanto, essa fila não reduzirá apenas com o aumento no número de doadores, é preciso reorganizar todo o processo. Segundo o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), mais de 70 corações sadios foram desperdiçados pela falta de infraestrutura e logística. Isso se deve à concentração de especialistas nas regiões sul e sudeste, à falta de investimento nessa área nos demais estados e ao transporte desorganizado dos órgãos. Estes fatores acabam fazendo com que muitas peças não cheguem a tempo nos centros-cirúrgicos.     Portanto, fica claro que o processo de escolha pela família e a desordem do sistema prejudicam a doação de órgãos. Para resolver esses problemas, o SNT precisa melhorar a logística e desconcentrar os centros de transplantes através da criação de novas unidade espalhadas pelo país. Ademais, ele deve amenizar a situação  dos familiares com a flexibilização na lei e criação de um programa de autorização dos doadores "ante-mortem". Fazendo isso, pessoas como Ben Thomas salvarão milhares de vida na realidade.