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Enviada em: 29/10/2017

Após as primeiras revoluções tecnológicas realizadas no século XVIII, a medicina alcançou avanços que ajudaram a erradicar doenças como a varíola, que por gerações assolaram a humanidade. Tal desenvolvimento viu seu ápice em meados da década de 1930, sendo ele a possibilidade de transplantar órgãos. Desde então, essa técnica se aperfeiçoou e milhares de vidas puderam ser salvas. Entretanto, um dos maiores problemas enfrentados pela medicina brasileira atual é a falta da disponibilidade de órgãos e  de profissionais qualificados, em que as motivações dessas intempéries são influenciadas por preconceitos e tabus sociais, que ajudam a acumular mais de 35 mil pessoas nas filas de espera.        Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, 47% dos familiares recusam doar os órgãos de seus entes queridos após o falecimento. Isso ocorre, pois esse assunto ainda é tratado como um tabu pela comunidade e família, já que, na maioria dos casos, não o discute, devido a questões religiosas ou temores futuros. Em consequência, quando alguém vem a falecer, a família é motivada pela dor do luto, e questionam se a doação dos órgãos iria agradar a ética do finado. Para ilustrar a importância de se debater sobre o tema, em 2012 uma adolescente de 13 anos teve morte cerebral em Sussex, Reino Unido, em decorrência de um acidente. Porém, duas semanas anteriores à tragédia, a garota teve uma palestra em sua escola sobre o conteúdo e comunicou aos pais o desejo de ser uma doadora. Assim, após a sua morte ela pode salvar 8 vidas com suas doações, o maior recorde já feito.       Além disso, o trabalho da captação de órgãos exige uma gama de profissionais especializados, como médicos, enfermeiros e psicólogos. Contudo, dentro da própria área médica existem preconceitos contra os especialistas que escolhem trilhar esse caminho, ao serem tachados como "açougueiros" ou "urubus" da medicina, de acordo com relatos da equipe do Serviço de Procura de Órgãos e Tecidos da Unicamp (SPOT). Dessa forma, a formação de novos profissionais é afetada, comprometendo a ação.        Diante de tais fatos vê-se a necessidade social de repensar a doação de órgãos, através do fortalecimento de campanhas realizadas pelo Ministério da Saúde, como a já existente "A hora de lembrar", e outras novas que mostrem os benefícios da doação, veiculadas à TV e internet, a fim de suscitar debates e reflexões na sociedade brasileira, para que ela possa encarar essa prática com naturalidade e desenvolva um cooperativismo coletivo. Adicionado a isso, a mesma instituição deve se aliar ao Ministério da Educação, por meio de palestras em universidades de saúde, que incentivem na formação de novos profissionais, para que não apenas as doações cresçam, mas também a qualificação. Destarte, a comunidade poderá amenizar a agonia das filas de espera.