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Enviada em: 30/10/2017

Indubitavelmente, a questão da doação de órgãos representa um desafio a ser enfrentado de forma mais organizada e urgente no Brasil dos dias atuais. Isso pode ser evidenciado não só pela expressiva recusa das famílias em permitir as doações, como pelo investimento governamental insuficiente feito na saúde pública para a realização de tais procedimentos.    Em primeiro plano, é importante ressaltar a demanda exorbitante de órgãos nos hospitais. Nesse sentido, apesar de o número de transplantes realizados ter crescido cerca de 60% nos últimos anos, a quantidade de pessoas à espera de um órgão nos estabelecimentos de saúde é ainda muito elevada e alarmante, tendo em vista que, em média, seriam necessários em torno de 60.000 órgãos para suprir a necessidade total das quilométricas filas de transplante. Tal situação torna-se ainda mais agravante ao se considerar que muitas pessoas tendem a permanecer por vários meses, até mesmo anos, aguardando por um procedimento. Por esse motivo, muitas pessoas acabam não resistindo e morrendo antes mesmo de uma cirurgia.    Dessa forma, o que contribui para a permanência desse dilema? A frágil infraestrutura na saúde pública é notória, tendo em vista a escassez de hospitais capacitados para a realização de transplantes ao longo do território nacional, bem como a falta de profissionais especializados para tanto, sendo a disponibilidade de tais serviços concentrada nas regiões Sudeste e Sul. Consequentemente, o referido quadro, juntamente com a insuficiência de divulgação midiática, contribui para a falta de informação e confiança das famílias acerca da doação, resultando na rejeição destas - que dobrou em 7 anos.    Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse. O Ministério da Saúde deve investir tanto na criação de locais propícios, como na disponibilização de profissionais capacitados para a realização dos transplantes de forma segura em outras regiões do país, não somente no Sul e Sudeste. Outrossim, os meios midiáticos devem promover a doação de órgãos, por meio da criação de novelas e anúncios que tratem da importância do assunto e que incentivem as pessoas a informarem suas famílias sobre sua vontade acerca da doação. Dessa forma, talvez, as famílias, estando informadas, permitam a doação, e por consequência, as filas de transplante reduzam cada vez mais.