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Enviada em: 02/11/2017

Em 2016, o então presidente do Brasil, Michel Temer, assinou um decreto que determina que a Força Aérea Brasileira, deve manter ao menos uma aeronave permanentemente disponível para o transporte de órgãos, o que viabilizou um aumento considerável no número de órgãos transplantados no país. Porém, apesar desse aumento e do Brasil contar com o maior programa público de transplantes do mundo, ainda há muitas pessoas que aguardam a doação e alguns acabam morrendo na fila de espera. Isso se deve principalmente à precária infraestrutura hospitalar e a falta de esclarecimento sobre o assunto para a população.   Diante do exposto, vale ressaltar que, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgão (ABTO), a taxa de recusa familiar, no que diz respeito à doação de órgãos, foi de aproximadamente 44% em 2015 no Brasil. Fato esse que se deve principalmente à falta de profissionais qualificados, que saibam conversar com os familiares num momento extremamente delicado, além da falta de uma política que promova a informação sobre o conceito da morte encefálica e conscientize os familiares sobre a importância da doação, visto que um único doador pode salvar a vida de mais de 25 pessoas. Ademais, há uma questão religiosa intimamente ligada a isso, pois muitos acreditam que pode haver um milagre e o familiar recupere suas funções neurológicas, o que é cientificamente impossível.   É importante pontuar também, que o país precisa investir na infraestrutura hospitalar, pois de nada adianta ter uma população mais doadora, se os hospitais não tiverem a estrutura necessária para receber os órgãos e realizar as cirurgias. Há uma carência no Brasil de profissionais nas Unidades de Terapia Intensiva, como enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos para orientar e apoiar os familiares, falta também, estrutura adequada em quase todos os hospitais, que carecem de recursos básicos e de leitos para a realização da cirurgia e todo o acompanhamento pós-cirúrgico.    Diante desse quadro, fica claro que o Ministério da Educação, aliado ao Ministério da Saúde, deve fomentar a discussão desse tema ainda na infância, com projetos escolares que envolvam os alunos, além disso, deve promover propagandas televisivas e palestras com pessoas qualificadas abertas ao público em geral, a fim de realizar o esclarecimento necessário sobre o assunto, para que a pessoa possa manifestar em vida o seu desejo de ser um doador, pois quanto melhor for a educação sobre o tema, mais argumentos se terá para convencer de que cabe ao indivíduo essa decisão e não à sua família. Ademais, é dever do Estado realizar mais investimento na área da saúde, no que diz respeito ao transporte e manejo adequado dos órgãos, além de investir em mais profissionais e na melhoria da infraestrutura dos hospitais, a fim de viabilizar um maior número de órgãos transplantados.