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Enviada em: 02/11/2017

Segundo Zygmunt Bauman, importante sociólogo, há uma falta de solidez nas relações econômicas, políticas e sociais, característica da modernidade líquida vivida no século XXI. Esse contexto, de sucessivas revoluções industriais e matematização do tempo criaram novas organizações na sociedade. Entretanto, mesmo em face da enorme tecnologia, a doação de órgãos ainda é um grande tabu para as famílias, que, por não terem conhecimento aprofundado acerca do tema, se prendem aos dogmas religiosos e ao preconceito, dificultando o avanço desse setor.        Em uma primeira abordagem, é válido sinalizar que, mesmo com a criação da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos em 1986, a sociedade não se livrou das amarras da discriminação. Em 2013, a instituição supracitada, mostrou que 47% das famílias não permitiu a doação por desconhecerem os procedimentos. Desse modo, atualmente, outro fator que contribui para o baixo índice de crescimento, centra-se em dogmas religiosos, que, na maioria dos casos, considera o processo incoerente às crenças e, dessa forma, as famílias não permitem a doação. Assim, tal fato, abre as portas à continuidade do problema e fecha as portas ao conhecimento e melhorias.        Contudo, o preconceito e a desinformação somam-se a enorme deficiência da infraestrutura dos hospitais. Infelizmente, existe uma pequena parcela de profissionais especializada em cirurgias de transplante e, ainda, a maioria desses médicos atua nas regiões sul e sudeste, gerando um grande desnível em relação às demais regiões. Além do mais, a postura ineficiente do Estado em disponibilizar recursos é outro entrave. Desse modo, ao retomar o pensamento de Bauman, é evidente a insolidez nas relações hodiernas, pois, o diálogo, necessário entre os membros da família, também, não ocorre. Portanto, fazem-se necessárias medidas emergenciais para reverter esse quadro.        Para existir desenvolvimento entre os agentes sociais e o aumento do número de doadores, é preciso que o Ministério da Saúde, em primeiro plano, realize melhorias aprofundadas na infraestrutura dos hospitais, em segundo plano, capacite um maior número de profissionais em todas as regiões do Brasil para sanar os desníveis percentuais. No que concerne ao Estado, é seu dever a vistoria e repasse de recursos financeiros a fim de efetivar, de fato, as ações. Ademais, à família, instituição social de convívio permanente, cabe orientar seus filhos sobre o assunto, no intuito de fortalecer o diálogo e a livre manifestação sobre a doação de órgãos. Com isso, a sociedade construirá relações sólidas e fundamentadas no exercício da cidadania e participação social.