Materiais:
Enviada em: 03/11/2017

No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, cerca de 40 mil pessoas estão na lista de espera por um transplante de órgão, embora o primeiro semestre de 2017 tenha apresentado um aumento de 11,8% das doações, o número ainda é insuficiente diante da demanda, o que a torna uma verdadeira afronta a vida dos que necessitam dos novos órgãos; mostrando a extrema necessidade de difusão da importância da doação de órgãos no Brasil. Nesse contexto, deve-se analisar como o desconhecimento a cerca dos procedimentos da doação e o individualismo influenciam na manutenção da baixa doação de órgãos no Brasil.  É relevante abordar, primeiramente, que o desconhecimento a cerca dos procedimentos de doação como o custeio e o direcionamento dos órgãos, assim como a falta de instrução de alguns profissionais da saúde na área sobre a identificação de potenciais doadores se mostram como os principais responsáveis pelo pouco número de doações de órgãos no país. Isso porque, as famílias crentes nos tabus disseminados na sociedade desconhecem a importância e até mesmo o que pode ser doado, e se negam a doar, somando 43% dos casos, também de acordo com ABTO; desconhecem também que o SUS é quem se encarrega do custeio dos procedimentos, como visto em 95% dos casos de transplante pelo Brasil, o que acarreta na longa e crescente lista de espera por doações que muitas vezes leva a morte do paciente.  Atrelado a isso, o forte individualismo na sociedade contemporânea também acarreta na problemática, uma vez que, segundo Zygmunt Bauman, sociólogo humanista, o isolamento social enfraquece a solidariedade e estimula a insensibilidade em relação ao sofrimento do outro. Com efeito, a falta de empatia, individual, ou da família, que segundo a legislação brasileira é a responsável por autorizar a doação, resulta na morte de muitas pessoas todo ano que devido a urgência e carência, morre na espera.  Evidencia-se, portanto, que ainda há óbices para garantir a suficiência de doação de órgãos para transplantes no Brasil. Vista essa problemática, faz-se necessário que o ministério da saúde em parceria com a mídia promovam maior disseminação da importância e dos procedimentos do processo de doação em escala nacional, aumentando assim o impacto das campanhas já existentes; além disso, cabe ao ministério da educação reforçar o modelo de ensino de ética e empatia nas escolas, a fim de que a sensibilização com o próximo esteja presente na base educacional do indivíduo; por fim, é fundamental que o indivíduo, enquanto vivo, informe à família sobre o desejo de ser um doador de órgãos. Desse modo, pessoas deixarão de falecer na espera por uma nova chance de vida.