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Enviada em: 03/11/2017

Na década de 50, o cirurgião Joseph Murray realizou nos Estados Unidos o primeiro transplante de órgãos no  mundo. Tal ato representou, indubitavelmente, um avanço da medicina quanto a possibilidade de salvar vidas. Apesar do processo de oferecer uma parte do organismo ter evoluído e expandido ao longo dos anos, no Brasil, esse procedimento ainda é insuficiente para atender a todos que precisam dessa concessão. Desse modo, convém analisar como o legado histórico-cultural aliada a ausência de informações contribuem para a problemática em questão.    A herança cultural é primordial para a disfunção da doação de órgãos. Isso se deve ao fato de que, boa parte da população, seja por mitos ou crenças, acabam por não dialogarem em vida sobre a morte e seus efeitos. Segundo o sociólogo Pierre Bourdieu, os seres adquirem padrões e valores culturais e o reproduzem ao logo das gerações. Desse modo, como não ocorria o debate acerca da transferência de órgãos, tal ação é perpetuada em tempos hodiernos. Em decorrência disso, observa-se a grande quantidade de órgãos sendo desperdiçados, já que que no ano de 2016, segundo o Ministério da Saúde, houve o desaproveitamento de 2500 potenciais doadores. Tal fato episódio evidencia como a comunicação familiar pode ser crucial para salvar vidas.    Além do mais, a ausência informacional da morte encefálica é relevante na doação de órgão. Isso se deve ao fato de que, tal procedimento é extremamente carregado de crenças e inverdades. É comum que, após o falecimento do cérebro, os familiares ainda tenham a esperança da reversibilidade do óbito, ou o mito de que os médicos "matam o indivíduo para extrair elementos do corpo humano com o intuito de lucrarem no mercado negro". Logo, é frequente o número de recusas da concessão de peças humana. Esse fato pode ser comprovado por dados do Registro Nacional de Transplantes, já que 43% dos parentes recusaram a doação de órgãos. Em decorrência, observa-se a longa fila para receber o privilégio do transplante, e em inúmeros casos, tais seres não conseguem o ato nobre, visto que, segundo o Ministério da Saúde, em 2016, 2300 pessoas morreram no aguardo por uma doação.    Em suma, é necessário mitigar o problema da doação de órgãos. Nesse sentido, o Ministério da Saúde, em parcerias com os recursos midiáticos, devem criar propagandas e panfletos, sobretudo nos hospitais, destacando a importância de tal ato, como intuito de evidenciar o efeito positivo da concessão na vida do possível receptor. Outrossim, as ONGs da saúde, em parceria com as comunidades midiáticas, devem criar campanhas de esclarecimentos e rodas de discussão acerca da morte encefálica, com o objetivo de desconstruir os mitos advindos desse tipo de óbito. Assim, o trabalho feito pelo médico Joseph Murray no século anterior, possa ser capaz de salvar mais vidas.