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Enviada em: 02/03/2018

A Constituição Federal de 1988 institui a legalidade sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplantes e tratamentos, caso seja de livre vontade e autorizada pelo doador e seu familiar responsável. Entretanto, sabe-se que, anualmente, centenas de pessoas morrem nas filas de espera por um transplante no Brasil. Nesse contexto, deve-se analisar como a falta de informação e a negligencia governamental provocam tal problemática.       A ausência de informação no processo de doação de órgãos é a principal responsável pelo déficit de doadores. Isso porque grande parte dos indivíduos não sabe da necessidade de se manifestar interesse em doar seus órgãos em caso de óbito, o que faz com que a decisão seja tomada por seus familiares. Assim, grande parte dos órgãos não são doados, pois muitas pessoas se deixam levar pela emoção em detrimento da razão nesse momento de profunda dor e sofrimento. Em decorrência disso, centenas de pessoas morrem anualmente enquanto aguardam por um transplante, sendo evidenciado pelos dados divulgados pela Central de Transplantes de Pernambuco, a qual diz que, em 2017, 89 pessoas morreram à espera de um órgão no estado.        Atrelada à falta de informação, a negligência governamental também é responsável pelos problemas na doação de órgãos. Isso porque grande parte dos hospitais não possui a infraestrutura necessária para que ocorram os procedimentos de transplantes, faltando, muitas das vezes, aparelhos de exames e até mesmo profissionais qualificados. Nesse âmbito, muitos indivíduos que gostariam de doar os órgãos de seus parentes falecidos são impedidos de manifestarem esse ato de solidariedade que, para o escritor alemão Franz Kafka, é o sentimento que melhor expressa o respeito pela vida humana.     De modo exposto, percebe-se que a doação de órgãos é importante, porém enfrenta alguns impasses. É mister, portanto, que o Governo Federal, em conjunto ao Ministério da Saúde, realize campanhas nacionais de incentivo à doação de órgãos, enfatizando por meio de propagandas publicitárias a importância de se manifestar interesse enquanto ainda há vida. Essa iniciativa será importante porque fará com que o número de doadores aumente e, consequentemente, as filas de espera diminuam. Além disso, o Poder Público deve investir em melhorias dos hospitais públicos que realizam transplantes. Dessa forma, várias vidas serão salvas.