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Enviada em: 27/04/2018

"Estamos condenas à civilização.Ou progredimos ou regredimos." Se Euclides da Cunha - autor da citação, ainda estivesse vivo já teria conhecimento do caminho que a sociedade escolheu. Afinal, com a capacidade de informação existente na modernidade, o tema doação de órgãos ainda ser considerado um tabu evidência a falta de informação sobre a importância da doação de órgãos e o conceito de morte encefálica - que faz  do paciente um potencial doador- tornando uma ato tão generoso em um acontecimento infrequente.     Primeiramente, a falta de informação corrobora para o desconhecimento sobre a importância da doação. Dados divulgados pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) mostram que, entre janeiro e setembro de 2014, cerca de 6 mil pacientes foram diagnosticados com morte cerebral no país. Seus órgãos poderiam salvar a vida de quase 22 mil pessoas que aguardavam na fila de espera. Mas, somente pouco mais de mil deles se tornaram doadores, e os motivos para isso são vários. Entre os motivos, as famílias enfrentam uma série de dilemas éticos na hora de decidir o que fazer com o ente recém perdido, afinal, é uma questão que gera conflitos dentro do seio familiar, pois a própria dificuldade em compreender o conceito de morte encefálica contribui para a negação, visto que ainda não é algo que está sedimentado para a maior parte da população.    Partindo-se do pressuposto de que a educação sobre o tema é deficiente, a mudança na lei de 2001 e a consequente transferência da responsabilidade sobre os órgãos do morto para a família acaba sendo justificável. No entanto, as pessoas deviam ter o esclarecimento necessário para poder manifestar em vida o desejo de doar ou não seus órgãos após a morte. Afinal, quanto melhor for a educação sobre o tema, mais argumentos terá para assumir que a decisão cabe ao indivíduo, não à sua família.    Diante da situação exposta, torna-se evidente que a conscientização da sociedade como um todo, tarefa de longo prazo, deve ser iniciada nas escolas, o centro ideal de formação integral dos jovens, incluindo o exercício da cidadania. Neste sentido, a incorporação dessa temática nos conteúdos curriculares dos diversos níveis de ensino é determinante para se lograr uma atitude crítica que permita o debate e a análise dos avanços científicos que influenciam a nossa saúde e determinam o rumo da nossa existência. Afinal de contas, os estudantes de hoje são os futuros médicos, psicólogos,, cidadãos, governantes e potenciais doadores e receptores de órgãos, beneficiários da tecnologia dos transplantes e que podem tornar o ato infrequente em um ato comum na sociedade. Por fim, a mídia, aliada ao Ministério da Saúde devem debater sobre morte encefálica em novelas e redes sociais, a fim de explicar e apresentar o tema para as pessoas visando o esclarecimento de todas as dúvidas.