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Enviada em: 24/07/2018

Na mitologia grega, Sísifo foi condenado por Zeus a rolar uma enorme pedra morro acima eternamente. Todos os dias, Sísifo atingia o topo do rochedo, contudo era vencido pela exaustão, assim a pedra retornava à base. Hodiernamente, esse mito assemelha-se à luta cotidiana dos cidadãos brasileiros, os quais buscam ultrapassar as barreiras as quais os separam do direito à saúde. Nesse contexto, não há dúvidas de que à  promoção de saúde de qualidade para todos é um desafio no Brasil que ocorre, infelizmente, devido não só à negligência governamental, mas também à postura indolente da sociedade.    A Constituição Cidadã de 1988 garante saúde de qualidade como direito de todos e dever do Estado, sendo o papel deste prover o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua formação e proteção, todavia, o Poder Executivo não efetiva esse direito. Consoante Aristóteles no livro "Ética a Nicômaco", a política serve para garantir a felicidade dos cidadãos, logo verifica-se que esse conceito encontra-se deturpado no Brasil à medida que a precariedade dos serviços ofertados pelo Sistema Único de Saúde- exames preventivos, leitos hospitalares e a insuficiência de medicamentos-, não estão presentes em todo o território nacional, fazendo os direitos permanecerem no papel.    Outro ponto relevante, nessa temática, é o conceito de Modernidade Líquida de Zygmunt Bauman, que explica a queda das atitudes éticas pela fluidez dos valores, a fim de atender aos interesses pessoais, aumentando o individualismo. Desse modo, o sujeito, ao estar imerso nesse panorama líquido, acaba por perpetuar o sucateamento e, posteriormente a privatização do Sistema Único de Saúde, retirando os direitos conquistados de 190 milhões de brasileiros que dependem exclusivamente dos serviços ofertados pelo SUS, por causa da redução do olhar sobre o bem-estar dos menos favorecidos. Em vista disso, os desafios para promover saúde gratuita e de qualidade para todos estão presentes na estruturação desigual e opressora da coletividade, bem como em seu viés individualista.     Portanto, indubitavelmente, medidas são necessárias para resolver esse problema. Cabe ao Executivo Federal, por meio do Ministério da Saúde promover a contração de novos profissionais para a melhoria dos atendimentos, modernização dos equipamentos médicos, assim como uma eficaz distribuição de medicamentos. Adicionando-se a isso, a Receita Federal deve investir uma maior parcela dos impostos arrecadados à saúde pública, com o intermédio do legislativo nacional, criando leis que determinem os investimentos percentuais do Governo Federal no Sistema Único de Saúde, com o objetivo de evitar a deterioração do SUS. Assim, o projeto constitucional de saúde universal e de qualidade será uma realidade muito mais próxima.