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Enviada em: 25/07/2018

Um sistema doente        A Constituição de 1988 prevê a garantia universal à saúde da população brasileira, sem discriminação. No entanto, os altos custos, tanto no sistema público, quanto no privado faz com que esse direito seja, muitas vezes, desrespeitado. De acordo com o filósofo Karl Marx a desvalorização do mundo humano é diretamente proporcional à valorização do mundo das coisas. Nesse contexto, a falta de gestão do Sistema Único de Saúde, bem como a priorização de interesses econômicos das operadoras de planos, vem tornando esse benefício cada vez mais escasso, principalmente para os mais necessitados.        Em primeiro lugar, apesar de ser um programa elogiado, internacionalmente, hoje o SUS enfrenta inúmeras crises, sendo comprometida sua qualidade, devido aos gastos cada vez maiores. Essa insustentabilidade está relacionada ao descontrole do estado, ao desperdício de recursos e ao desvio de verbas. Conforme reportagem da BBC, em 2017, o sistema público descartou cerca de 16 milhões de reais em medicamentos vencidos ou estragados por armazenagem incorreta. Esse é apenas um dos exemplos da ineficiência instalada, enquanto pacientes morrem nas filas dos hospitais por falta de leitos ou de remédios.              Ademais, outro fator que vem sobrecarregando o SUS são os reajustes do seguro privado, muito acima da inflação, fazendo com que muito brasileiros abram mão dessa opção. Esse encarecimento é explicado pela quantidade de procedimentos caros, exigidos não por necessidade aparente e sim, por interesses financeiros das clínicas e laboratórios. Uma pesquisa divulgada pela revista Veja mostrou que mais de 3 milhões de indivíduos perderam ou pararam de pagar o plano de saúde privado, desde 2014. Esses dados mostram a urgência na tomada de providências, para combater a tendência atual de a saúde ser um comércio desumano, como prevê Marx, e uma garantia presente apenas no papel.       Deve-se, portanto, adotar mecanismos para que o estado cumpra, com eficácia, seu dever de promover o bem-estar da nação. Cabe ao Ministério da Saúde, em conjunto com as Secretarias Estaduais, realizar uma reforma no SUS, a partir da criação de planos de ação e auditorias, relacionados a pedidos de exames, normas de armazenagem de medicamentos e direcionamento de verbas. Já o Ministério da Justiça deve direcionar à saúde, os valores recuperados dos esquemas de corrupção, a fim de devolver ao povo um pouco do que lhe é retirado, de forma ilícita. A ANS também deve atuar na fiscalização dos planos de saúde, para que possíveis irregularidades sejam coibidas.