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Enviada em: 17/07/2018

O último romance de Machado de Assis, "Memorial de Aires", retrata a velhice melancólica, resultante da solidão e de não pertencimento do meio. Nessa perspectiva, à falta de empatia ao próximo, inerente as consternações sofridas pelos idosos, interfere no bem-estar comum. Isso se deve, sobretudo, aos problemas sociais por negligência estatal, bem como ao desrespeito no âmbito familiar. Essa circunstância demanda uma atuação mais arrojada entre o poder público e as instituições formadoras de opinião, com o fito de amenizar os desafios enfrentados por essa massa populacional.        De fato, é indubitável que a omissão do Estado contribua para potencializar a marginalização social do idoso. Nesse viés, segundo Aristóteles, o exercício político tem por objetivo promover o bem-estar dos cidadãos. Isso posto, é possível perceber que, mesmo com a criação do Estatuto do Idoso, em 2003, são escassos, por exemplo, hospitais os quais disponham de geriatras, além de espaços coletivos para a prática de atividades físicas. Ademais, ressalta-se que, em algumas repartições públicas, os direitos a assentamentos e lugares nas filas não são garantidos, mesmo tendo o respaldo da lei. Esse impasse comprova a urgência em elaborar projetos os quais promovam a qualidade de vida da população senil.        Outrossim, segundo o sociólogo Émile Durkheim, a família é considerada uma organização crucial parar estruturar a sociedade. Segundo essa premissa, infere-se que, hodiernamente, a existência massiva de famílias desorganizadas está sensivelmente vinculada aos relacionamentos voláteis e a instabilidade afetiva. Nesse ínterim, denota-se atos de violência que ocorrem no contexto familiar, como as agressões físicas e verbais, as quais os sexagenários são associados a inutilidade e considerados uma fonte de problemas para as famílias. Esse desequilíbrio opõe-se ao conceito durkheiminiano de estrutura parental, o que suscita propostas sociais que respeite o contingente idoso.          Urge, portanto, que, diante da realidade nefasta da população senil, a necessidade de intervenção se faz imediata. Para isso, é necessário que o Estado, em sinergia com o Ministério dos Direitos Humanos, elabore projetos sociais por meio de ONG's, os quais implantem os geriatras nos hospitais, além de construir áreas de lazer para a terceira idade, com aulas de artesanato e atividades físicas, com o escopo de garantir a qualidade de vida dos idosos. Ademais, cabe à família, em conjunto com  a escola, elaborar debates educativos acerca do preconceito e maus tratos aos sexagenários, por meio de palestras e seminários, no intuito de promover a sensibilização dos indivíduos. Destarte, tal mazela será gradativamente minimizada.