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Enviada em: 23/10/2018

Émile Durkheim afirmou, em seu eminente estudo da morfologia social, que a sociedade é análoga a um "corpo biológico", por ser, assim como esse, composta por partes que interagem entre si. Dentro dessa lógica, a empatia e a aplicação do direitos sociais representam valores determinantes para alcançar a convivência coletiva harmoniosa. Todavia, quando se debate os direitos do cidadão idoso brasileiro, fica claro que inúmeros são os desafios para assegurá-los e garantir a qualidade de vida dessa expressiva e fragilizada parcela populacional, que ainda conta com a negligência governamental e social.       Em primeiro plano, é coerente associar a questão constitucional e sua indevida aplicação como o principal desafio envolvido para assegurar os direitos da terceira idade. Conforme a Carta Magna de 1988, compõe um objetivo fundamental da República garantir a inviolabilidade do direito à proteção, ao respeito, à valorização, à cultura e ao lazer. Todavia, as políticas governamentais não alcançam os fins estipulados pela lei maior, à medida que ainda associam a terceira idade à classe improdutiva e, portanto, pouco investem na expansão da participação dessa classe ao âmbito econômico, cultural e social brasileiro. Assim, o idoso perde a sua autonomia e passa a depender de pessoas, muitas vezes, mal intencionadas que, diariamente, aproveitam-se da sua fragilidade para desviar sua aposentadoria e praticar agressões morais e físicas. Desse modo, os direitos da terceira idade permanecem no papel.       Em uma análise mais aprofundada, relaciona-se o modo de pensar característico da modernidade como um fator que recrudesce a desvalorização social do idoso e desafia a aplicação dos seus direitos. Por exemplo, é notória a ascensão de uma geração enferma de empatia que não se projeta na situação da pessoa idosa. Portanto, ao estar imersa nesse panorama egoísta, essa geração não valoriza a terceira idade e tampouco pressiona os Três Poderes para que essa classe tenha melhores condições de vida. Desse modo, percebe-se que o problema também é fruto dos ideais egoístascontemporâneos.        Por conseguinte, a fim de erradicar os entraves que fazem da aplicação dos direitos do idoso um desafio no Brasil, é necessário que essa classe seja valorizada em vários âmbitos sociais. Para isso, a cabe à mídia promover campanhas em TV aberta que despertem a sensibilidade social acerca da questão do idoso, de forma que aumente o exercício da empatia. Além disso, cabe ao Estado, em parceria com instituições privadas como o SESC, criar grupos gratuitos de integração entre os idosos que promovam oficinas de lazer e turismo, para que a participação dessa classe na economia e na sociedade seja expandida e a terceira idade tenha maior autonomia. Talvez, assim, seja possível assegurar os seus direitos.