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Enviada em: 29/04/2017

As rugas da sabedoria Na cultura oriental, dentre outras culturas pelo mundo, as pessoas mais velhas são tratadas de forma digna e respeitosa, pois elas valorizam o poder da experiência e entendem que a velhice é sinal de sabedoria. Já no Brasil, a relação com os idosos é de descaso e abandono, como se nossos avôs e avós não fizessem parte de nossa identidade e não tivessem sua história. Tratar os idosos em toda sua plenitude, valorizando suas rugas e cabelos brancos como sinal de respeito e identidade, é essencial para caminharmos em direção a uma sociedade melhor.  Segundo projeção da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2050, a população brasileira será composta de 30% de pessoas com 60 anos ou mais. O desafio, nesse cenário, é mudarmos o modo pelo qual enxergamos as pessoas mais velhas em nossa sociedade. Infelizmente, a visão da maioria dos mais jovens sobre os idosos hoje é a do “estorvo”, daquele que ocupa lugar no ônibus, atrasa filas, não escuta direito, dá trabalho, e ainda recebe aposentadoria do Governo.  Neste contexto, os idosos sofrem calados por medo e vergonha. São, muitas vezes, vítimas da própria família, sofrendo violência física, psicológica, sexual e negligência, quando não são abandonados em asilos. No dia-a-dia, enfrentam os buracos nas calçadas, semáforos rápidos demais, degraus altos dos ônibus, além da falta de educação dos motoristas. Na saúde pública, se deparam com a falta de medicamentos, esperas por leitos hospitalares em macas em corredores superlotados de pacientes, entre outras mazelas.  Portanto, precisamos, enquanto sociedade, refletirmos sobre essa problemática do idoso, educando e conscientizando as crianças e os jovens, tanto nas escolas como nas famílias, sobre a importância dos mais velhos em nossas vidas, reconhecendo-os como parte fundamental de nossa história. No âmbito do Estado, é primordial fazer valer o que “reza” o Estatuto do Idoso, intensificando as políticas públicas para ampliar o acesso à saúde, tanto na prevenção como no tratamento das doenças que mais afetam essa faixa etária. Concomitantemente, melhorar as condições de mobilidade urbana, ampliar os mecanismos de proteção nos casos de maus tratos e violência, priorizar o atendimento dos mesmos em instituições públicas, criar espaços de lazer e convivência para os idosos, e, principalmente, proporcionar-lhes uma aposentadoria digna para atender suas necessidades. Nossos avôs e avós merecem.