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Enviada em: 27/09/2017

O crescimento da expectativa de vida, possibilitada pelo avanço da medicina, é uma das maiores conquistas da humanidade. Nesse sentido, surgem preocupações sobre a capacidade das sociedades de tratar os desafios associados a essa evolução demográfica. No entanto, no Brasil, apesar dos dados populacionais indicarem um envelhecimento acelerado, ainda prevalece uma equivocada imagem de um país jovem, principalmente quando são negligenciadas as implicações de um processo de envelhecimento em pleno  curso.       Em primeira análise, o preconceito é um dos principais fatores responsáveis pela invisibilidade do idoso. Isso porque, na sociedade contemporânea impera a visão capitalista, na qual somente valoriza o ser humano enquanto este for capaz de produzir o capital. Nesse viés, a velhice passa a ser desvalorizada, por corresponder ao momento de declínio das capacidades físicas e mentais. Dessa forma, os estigmas da discriminação de `descartável´ ou ´ incapaz´ circulam na sociedade e são internalizados pelos idosos, que são levados a atitudes de negação, buscando parecerem mais jovens para serem aceitos. Assim, toda forma de preconceito fere a dignidade humana que, segundo Kant, é uma virtude inerente a qualquer ser humano.       Ademais, observa-se que as políticas públicas voltadas ao idoso não é prioridade. Nesse sentido, o país encontra-se em um paradoxo, pois com a conquista da longevidade, a demanda por mais serviços e assistência em saúde aumenta, no entanto, com a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 55 em 2016, que limitou os gastos públicos por 20 anos, essa população será prejudicada. Isso porque, os programas e as ações específicos para a terceira idade serão fragilizados e essas pessoas irão envelhecer com menos qualidade. Em vista disso, nota-se a negligência do Estado que não inclui no seu projeto de sociedade a velhice dos cidadãos brasileiros.       Portanto, percebe-se que a sociedade brasileira ainda enxerga a velhice com discriminação. Desse modo, faz-se necessário que as instituições escolares invistam em grupos de convivência com os mais velhos, aulas e debates sobre o envelhecimento da população e suas demandas , a fim de desconstruir os estigmas que pairam sobre os idosos, ratificando que todos são sujeitos de direitos. Além disso, é importante o fortalecimento de parcerias privadas e ONGs, priorizando ações que permita um envelhecimento com qualidade, focando na área da saúde, garantindo assistência e proteção a idosos carentes. Assim, poderemos dar início a valorização de uma fase da vida, por mais contraditório que pareça, todos almejam chegar.