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Enviada em: 21/05/2018

Recheado de uma grande crítica social, o filme "Que Horas Ela Volta?" retrata com excelência a vida da personagem Val, uma humilde empregada doméstica. Tamanha excelência essa, que serve exatamente como retrato da sociedade brasileira atual, quando é levado em consideração a situação das chamadas "secretárias do lar". Afinal, essa classe trabalhadora sofre constantemente com a falta de reconhecimento e a incerteza da durabilidade de seu emprego.  No Brasil Império, época em que a escravidão era uma das bases econômicas do país, o serviço doméstico era realizado pelas mulheres escravas. Parte dos problemas têm origem no encargo histórico, visto que a falta de estrutura e zelo no processo de abolição da escravatura forçou os povos negros à batalharem por sobrevivência, sendo uma das formas o trabalho doméstico informal. Hoje, a busca pela formalidade se debate com o medo do desemprego, pois muitos dos empregadores ainda carregam consigo o pensamento retrógrado dos séculos passados.  A problemática acerca do serviço doméstico vai além das questões trabalhistas, envolve também uma questão social pertinente. Até porque, a figura do trabalhador do lar é vista com descaso pela sociedade brasileira, fruto de um preconceito com uma profissão totalmente essencial nos moldes do mundo capitalista. Esses rótulos contrariam inclusive a Filosofia Calvinista, pois torna-se impossível conseguir a dignificação pelo trabalho, quando o próprio não é classificado como digno.  Infere-se, portanto, que medidas precisam ser tomadas para garantir melhorias no trabalho doméstico. Faz-se necessário, através de ações do Ministério da Justiça juntamente com os órgãos legislativos, intensificar a fiscalização de empregadores que ainda utilizam de mão de obra informal punindo-os com multas, afim de universalizar o direito trabalhista à todos empregados domésticos. É preciso também, através da mídia criar campanhas publicitárias evidenciando a beleza da profissão, com o intuito de excluir todos os esteriótipos negativos que afetam os trabalhadores. Só assim, o trabalhador que tanto se esforça para cuidar do lar, receberá o devido e merecido cuidado que o levará a dignidade plena, como pregavam os calvinistas.