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Enviada em: 20/04/2019

A presença e a abrangência das formas de trabalho na sociedade contemporânea vêm introduzindo elementos novos na relação entre as pessoas e entre elas e o seu contexto, de modo a promover o bem individual e coletivo. Contudo, o debate acerca dos direitos dos trabalhadores domésticos evidencia a fragilidade desse meio laboral, configurando-se como uma das contradições mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento, o que se deve a fatores como ignorância populacional e mentalidade estrutural retrógrada.          Em primeiro plano, é válido ressaltar que a permanência no constructo social de ideais arcaicos vai de encontro à manifestação dos direitos dos trabalhadores domésticos. A esse respeito, segundo o conceito de violência simbólica proposto pelo sociólogo Pierre Bourdieu, violências “invisíveis” se constituem em vínculos de subjugação-submissão que resultam em dominação, do qual o próprio dominado é cúmplice, dado o estado natural em que a realidade se encontra. De fato, o tecido social ainda está imerso em signos culturais em que o empregado legitima e absorve o reconhecimento tácito da autoridade desmedida exercida pelo patrão. Tal realidade, concebida como natural, favorece sua exploração e o distancia da reivindicação de seus direitos básicos.        Outrossim, é factível que a falta de informação acerca dos direitos de tal classe trabalhadora mostra-se campo fértil para a sua manipulação. Isso porque, de acordo com o renomado filósofo Schopenhauer, os limites do campo de visão de um indivíduo determinam seu entendimento a respeito do mundo. Nessa perspectiva, o panorama de desinformação evidenciado, muitas vezes, nesse meio laboral, corrobora uma visibilidade limitada no que concerne aos direitos constitucionais adquiridos, sobretudo os que se referem às horas diárias de trabalho e remunerações mínimas, as quais acometem frequentemente tais profissionais. Dessa maneira, a efetivação dos direitos legislativos conquistados por esse corpo social, pressupõe uma divulgação vigorosa desses.       Logo, evidencia-se que concepções sociais enraizadas, aliadas à insipiência populacional convergem negativamente para um meio de trabalho digno. Para que se reverta esse cenário problemático, portanto, fica a cargo dos meios de comunicação, formadores de opinião, como os canais de TV aberta, divulgar periodicamente os dados relativos à realidade dos trabalhadores domésticos e seus direitos constitucionais não exercidos. Isso seria efetivado por meio de peças publicitárias em horário nobre e teriam como objetivo construir um suporte informacional a tal classe trabalhadora sobre seus direitos, bem como dissolver ideais exploratórios presentes no tecido social. Quem sabe, assim, poder-se-á transformar uma sociedade desenvolvida socialmente, longe de contradições perversas.