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Enviada em: 12/09/2017

No Brasil colonial, o trabalho doméstico consolidou-se, tendo como principal alicerce a escravidão. Já no fim do século XIX, com a abolição desta e a dificuldade de inserção na sociedade, muitos dos ex-escravos optaram por continuar servindo em âmbito domiciliar em troca de moradia e comida. Foi assim, sem nenhum direito assegurado e com uma informalidade quase intrínseca a este tipo de serviço, que a atividade doméstica remunerada se sustentou no país até a contemporaneidade. Atualmente, foram conquistados vários direitos nessa área - como o de possuir carteira assinada, FGTS e férias -, trazendo, no entanto, problemas relacionados à economia e condições desfavoráveis, tanto para os empregados, quanto para os empregadores.   Primeiramente, é importante salientar que, devido ao alto índice de informalidade existente até então, o surgimento de leis que trazem benefícios aos trabalhadores acaba prejudicando a oferta deste modal de trabalho e, consequentemente, refletindo na economia. Isso porque a maior parte da população brasileira não possui condições financeiras para garantir todos os direitos exigidos pela nova legislação, como o salário mínimo, uma vez que cerca de 54% das pessoas possui renda igual a este, como mostra o estudo feito pelo IDP em 2014. Além disso, muitas vezes a ajuda só é necessária por curtos períodos: como durante a tarde, em que os pais não têm com quem deixar os filhos.   Nesse sentido, destaca-se que o trabalho doméstico está destinado a chegar ao seu fim, e o desemprego, por conseguinte, a aumentar. Segundo estudo realizado em 2008 pelo Ipea, o envelhecimento desse grupo de trabalhadores é constante, sendo que nesse ano 30% dos domésticos do país tinham 45 anos ou mais. Tal fato advém das baixas remunerações, do alto grau de precarização e preconceito, aliados ao crescente índice de escolaridade, que fazem com que os jovens busquem o trabalho domiciliar apenas como alternativa momentânea.   Portanto, evidencia-se que, apesar dos direitos recentemente obtidos, há muito o que se fazer para suprir a demanda de serviços domésticos e ampliar as oportunidades para os que trabalham na área. A fim de apoiar as famílias que carecem de cuidadores para os filhos por curtos períodos, o Governo Federal pode investir na criação de mais creches públicas, com isso os trabalhadores domésticos terão outras oportunidades de emprego também. Ademais, objetivando formalizar e oferecer maior facilidade na hora de empregar e de ser empregado nesse ramo, investidores podem criar empresas para administrar essas relações, facilitando, também, o cumprimento das leis trabalhistas. Tal ação pode ser incentivada pela mídia, seja no meio televisivo , seja na internet, por intermédio de matérias e pesquisas jornalísticas.