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Enviada em: 07/09/2018

Na obra “ Estranhos à nossa porta”, Zygmunt Bauman apresenta o pavor e revolta entre pessoas durante um processo de desumanização em um mundo repleto de incertezas. Sob essa perspectiva, a efetivação e aplicabilidade dos Direitos Humanos destacam-se como entraves sociais extremamente complexos e persistentes. Nesse sentido, a ignorância da sociedade sobre as prerrogativas fundamentais dos cidadãos e o individualismo são aspectos primordiais na análise dessa questão.            É notório que o desconhecimento acerca da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) prejudica a sua consolidação. Nesse bojo, a proteção e o entendimento desses direitos é absolutamente importante para que o homem seja afirmado como ser construidor do local onde vive, independente de classe econômica, gênero ou cor da pele, haja vista que as diversidades culturais e interpessoais devem ser valorizadas como atributos do enriquecimento nacional e não como fatores de segregação. Seguindo essa ótica, de acordo com a ONU Br, estima-se que 40% dos brasileiros não conhece a função e os artigos desse documento, o que, por consequência, estimula a negligência e a desvalorização da DUDH.       Outrossim, o individualismo humano contribui, também, para esse problema. Nesse viés, a dificuldade de enxergar a “sociedade invisível”, minorias raciais, econômicas ou sociais, e reconhece-los como detentores de determinadas garantias deve-se ao fato do egoísmo prevalecer no mundo atual, uma vez que a solidariedade e o altruísmo são sentimentos cada vez mais raros nas pessoas. Assim, seguindo a lógica hobbesiana, acreditar que “o homem é o lobo do homem” aceleraria, ainda mais, o processo de desumanização atual, em que catástrofes, intolerância religiosa, racismo e xenofobia são axiologias presentes diariamente no atual contexto global.            Para reverter essa situação, portanto, ações devem ser realizadas. Consoante a isso, o Ministério da Educação deve, em parceria com a ONU Br, acrescentar à grade curricular escolar o estudo da DUDH, por meio de projetos pedagógicos, gincanas educativas palestras e debates, para que os alunos conheçam esse documento, analisando, estudando e aplicando os artigos no cotidiano. Além disso, é imprescindível que o Ministério da Cultura e Secretarias Municipais criem programas de engajamento sociocultural, como o Dia da Fraternidade, para promover sentimentos solidários na população, incentivando reflexões sobre os Direitos Humanos. Afinal, como para Platão, "o importante não é viver, mas é viver bem".