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Enviada em: 10/09/2017

Os fins justificam os meios?                                               TEMA: JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS MÃOS         O físico alemão Albert Einstein disse certa vez ''A menos que modifiquemos a nossa maneira de pensar, não seremos capazes de resolver os problemas causados pela forma como nos acostumamos a ver o mundo''. Quem sabe nos dias de hoje ele compreendesse melhor seu pensamento, visto que muitas pessoas, de maneira extremamente hipócritas, tratam o ato de fazer justiça com as próprias mãos como um caso isolado da sociedade. Entretanto, ao fazer uma análise mais consistente, surgem as reais causas que convergem em meio a essa problemática no Brasil.         Em uma primeira análise, é importante destacar os programas policialescos da televisão aberta brasileira. Junto com narrativas de cunho sensacionalista e grande apelo popular, essas programações defendem a violência policial e pregam os justiçamentos, de acordo com uma pesquisa realizada pela Andi, em parceria com o Ministério Público Federal, que mostra a desobediência às leis e o discurso de ódio e preconceito, como alguns dos tipos de violação de direitos praticados pelos apresentadores. Tal realidade é exemplificada em um discurso do apresentador do Cidade 190, da TV Record, que instigou a violência com frases do tipo ''Tá com pena?'' e ''Leva ele pra casa, né?''. Por conseguinte, esse tipo de jornalismo desrespeita as normas que regulam a prática jornalística e viola os direitos humanos.         Em uma segunda abordagem, precisa ser considerada a falta de punição e a justiça tardia. Os crimes coletivos de violência com a intenção de penalizar o autor de um crime, ocorrem em locais onde o Estado está com instituições de justiça frágeis, observado até na letra da música Mãos, de Zeca Pagodinho: ''pago pra ver queimar em brasas, as mãos de bacharéis, que não condenam o mal, que inocentam réus em troca do vil metal''. A morosidade dos processos judiciários também favorece essa ''justiça'' do povo, rápida e eficaz, principalmente em países onde os direitos humanos são desprezados, como no Brasil. Nesse contexto, a motivação é menos por um desejo de justiça e mais por um anseio de vingança.         Fica claro, portanto, que a legislação brasileira em vigor ainda é falha e requer soluções rápidas. Para esse fim, é necessário que a mídia nacional pare de transmitir notícias sobre a violência urbana de modo sensacionalista, pois quando o infrator é visto como o problema final, basta eliminá-lo para que a mesma acabe. Além disso, cabe ao governo a elaboração de um projeto de lei, no qual restrinja o horário para exibição desses jornais policiais e sua classificação indicativa, devido ao risco da programação violenta na formação dos mais novos. Sendo assim, uma legislação mais moderna e menos formal fará com que o andamento dos processos sejam mais rápidos e menos burocrático.