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Enviada em: 08/06/2018

Com advento do século XIX e a ascensão da globalização, houve acentuação das interações socioculturais, graças à facilitação da comunicação. Porém, esse contato pode agregar valores entre culturas distintas, bem como é possível ocasionar a sobreposição daquela julgada como ideal. Por conseguinte, surge os processos de apropriação cultural, tornando elementos simbólicos para determinado círculo social em objetos com fins lucrativos. Ademais, a partir dessa problemática, surgem inúmeras mazelas provocadas por intolerância, favorecendo a persistência da adversidade.       Mormente, é preciso considerar a relevância da indústria cultural. Segundo a tese marxista, toda conjuntura política e pública são moldados para servir os interesses da classe dominante, negligenciando os demais setores. Dessa maneira, o âmbito da moda, ao invés de conceder, através de aparatos representativos de uma cultura, espaço para debater a interação de indivíduos com ideologias diferentes, viabilizam apenas a obtenção do lucro. Sendo assim, tais atitudes desconsideram a importância subjetiva de alguns objetos para certa minoria, efetivando a apropriação cultural. Esse processo de massificação de utensílios figurativos, com função estética e insignificante, acaba por inferiorizar grupos étnicos, ampliando a intolerância e a segregação da sociedade.       Outrossim, cabe pontuar a complexidade provocada por essa reificação. De acordo com o educador, Paulo Freire, a conhecimento é capaz de transformar os indivíduos. Partindo dessa premissa, os consumidores contribuem para perpetuação da desordem, graças à aquisição sem a construção de um senso crítico prévio. À vista disso, em 2017, conforme citado no jornal Estadão, uma jovem em tratamento de câncer ao usar turbante, fora acusada de apropriação cultural. Devido a construção mercadológica de elementos identitários, como o turbante para os africanos, há confusão sobre o limite referente a liberdade individual. Sob essa perspectiva, a falta de associação entre as culturas, limita a construção de um corpo social diverso e capaz de promover o bem estar coletivo.       Urge, portanto, a necessidade de mudanças que atenue o prosseguimento de tais contrariedades. Para isso, a iniciativa privada, por parte do setor de vestuário, em parceria com integrantes de grupos étnicos, devem promover discursos em suas campanhas publicitárias, como desfiles, que o uso de certos objetos possuem valores identitários para determinados cidadão, visando o conhecimento coletivo e ampliação do respeito mútuo a liberdade individual. Além disso, é preciso que o Estado, por parte do Ministério da Educação, promova debates interdisciplinares, entre filosofia e sociologia, evidenciando a igualdade entre as comunidades, independente de seus costumes, garantindo a atenuação do preconceito e assegurando o respeito a diversidade.