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Enviada em: 04/06/2018

Apropriação cultural é a adoção de alguns elementos específicos de uma cultura por um grupo cultural diferente. Ela descreve aculturação ou assimilação, mas pode implicar uma visão negativa em relação a aculturação de uma cultura minoritária por uma cultura dominante.    Quando a pessoa faz isso só por deleite sem ver o sentido político do que significa assumir seus dreads, ela tem até o direito, mas tem que arcar com as críticas. A questão estética pra gente foi sempre utilizada como forma de enfrentar o racismo. Mas é por meio da estética que somos excluídos. Algumas pessoas fazem o uso pelo uso e não entendem que não é só uma questão estética, é política, disse um vereador sobre uma menina.   O vereador questionou até que ponto Isabella Santoni está envolvida com a causa. Ela tem o direito de usar, agora o que precisamos ver é o depois. Como é que ela vai contribuir pra luta, pro enfrentamento contra o racismo? Como tem sido a postura dela? Porque o que observamos é que nesse período de festa, as pessoas usam, mas não incorporaram. Pra ela é só enfeite, pra gente não. Esse é um campo de enfrentamento do racismo. É nesse sentido que a gente precisa trazer esse debate.    Tema que vem dividindo opiniões desde que sites e jornais repercutiram o caso de uma garota branca que teria sido repreendida por duas mulheres negras porque usava um turbante. A educadora e pesquisadora de dinâmicas raciais Suzane Jardim afirma que, toda vez que emerge, essa discussão é erroneamente deslocada para o âmbito do “purismo cultural”, na qual apenas os responsáveis pela criação de um determinado elemento teriam autorização de utilizá-lo. Longe disso, o que está em jogo segunda ela é a forma como se dá a interação entre grupos historicamente marginalizados e seus antagonistas – relação que seria marcada por “preconceito, exclusão, etnocentrismo, poder e capitalismo”.