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Enviada em: 07/06/2018

Não se aproprie, enalteça        Apropriação cultural é o ato de uma cultura "dominante" utilizar de elementos específicos de uma cultura "inferiorizada", mas até que ponto isso vai de fato prejudicar a cultura legítima?          O limiar entre o uso inocente e a banalização reside no desconhecimento da origem dos objetos, e a extrapolação se dá no momento em que o “apropriador” se diz “criador”. Entretanto se houver conhecimento e conscientização o uso não configura em prejuízo, pelo contrário. Se um euro descendente, por exemplo, utiliza um turbante, ele o faz por que reconhece sua estética e valor, sendo que tal ato ainda leva as pessoas que veem o turbante a se lembrar da cultura africana, ou seja, favorece a visibilidade e valorização.        Sem mencionar que, se todos têm o direito de utilizar as calças jeans criadas pelos europeus, então todos têm o direito de utilizar os turbantes criados pelos africanos. Está certo que as culturas inferiorizadas precisam lutar muito mais para ter visibilidade e defender o que é seu. Mas justamente, por que não aproveitar o fato de que seus elementos culturais estão sendo utilizados por culturas mais “populares” para reivindicar, chamar atenção para si e informar quanto à origem de seus elementos? Na Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire afirma que ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si. Não é esse o momento para uma troca efetiva de informações culturais? Reprimir a apropriação cultural e tentar "educar" na marra as culturas dominantes não tem demonstrado efetividade, é necessário então tirar disso algo de positivo.         Cada cultura deve lutar pelo seu valor e saber valorizar as demais. Assim, a solução é incentivar que as pessoas conheçam e dêem crédito aos objetos que estão utilizando e a suas respectivas culturas. Entretanto, não dá para contar com a boa vontade de cada um, se os povos de culturas distintas querem realmente garantir seu espaço, é necessário que se organizem para promover passeatas visando a autovalorização e reconhecimento. E, para unificar tudo isso e tornar ainda mais efetivo, é preciso que se crie, com o apoio do Governo, em cada estado brasileiro e também nacionalmente, uma organização que represente todas as culturas. Com ela, os representantes de cada uma devem auxiliar na criação de um site em que os elementos culturais sejam cadastrados e sua origem seja esclarecida para os usuários. Essa organização deve ainda promover feiras periódicas para a promoção de palestras e bancas visando o enaltecimento das culturas e seus diversos elementos. É dessa forma, participando e compartilhando conhecimento, que o termo "apropriação cultural" em breve será trocado por "enaltecimento cultural".