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Enviada em: 11/06/2018

No cenário hodierno, um tema que tem ascendido de maneira significativa nos debates populares e também entre as autoridades brasileiras tangencia a questão da apropriação cultural. Ao analisar a essência do termo em si, infere-se que esse carrega em seu significado uma noção de ofensa advinda da posse inadequada de elementos de uma dada cultura. Dessarte, para compreender o que caracteriza essa impertinência, faz-se necessário discorrer acerca de dois eixos centrais: o valor estético e a identidade histórica cultural. É sabido que, recentemente, a chamada “moda afro” ganhou notoriedade no mundo “fashion”, sendo considerada uma das novas tendências desse ramo. Embora, a princípio, esse feito seja considerado, por muitos, um sinal da expansão da representatividade negra, é fato que tal observação não representa, nem de longe, uma máxima verossímil. Analogamente ao que fora dito pela deputada estadual de São Paulo, Leci Brandão, essa apropriação generaliza aspectos afrodescendentes como sendo meros integrantes da cultura nacional como um todo. Desse modo, tal prática ocorre sob um cenário em que toda a história de um povo é ignorada, como acontece, por exemplo, com o uso de tranças e turbantes pelo simples apreço estético. Elencado a isso, cabe retomar a questão da importância em se valorizar a memória de uma etnia. Assim como defendeu o filósofo George Santayana, o reconhecimento de acontecimentos passados é de suma importância para o progresso. Sob esse viés, a banalização de hábitos e costumes afros expressa, tacitamente, o esquecimento das perversidades cometidas durante a escravidão no Brasil colonial, algo que condena o povo tupiniquim a uma condição de indignidade. Portanto, mediante a situação dicotômica explicitada acima, torna-se incontrovertível a necessidade de medidas que venham a mitigar tal impasse. Para tanto, faz-se necessário destacar o papel dos militantes de grupos étnicos, os quais, em parceria às empresas de vestuário, devem promover campanhas publicitárias que esclareçam o valor cultural que certos adereços possuem. Ademais, é interessante salientar a importância do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações que juntamente ao Ministério da Cultura, devem realizar palestras educativas em ambientes públicos que venham a enfatizar a relevância de se entender e não praticar a apropriação cultural.