Materiais:
Enviada em: 15/06/2018

A monopolização da cultura  Durante o Renascimento e a Idade Barroca, com o uso autônomo da razão, a cultura passou a significar não apenas o acúmulo de conhecimentos por parte de um indivíduo, mas a totalidade dos saberes, feitos históricos, políticos e arquitetônicos, ou seja, passou a ser interpretado pela coletividade. Dessa forma, pela existência de um multiculturalismo, a apropriação cultural não pode somente ser vista como algo maléfico para a construção da sociedade.     A absorção de elementos, a partir da convivência de grupos, sempre ocorreu na história mundial, e é ainda mais comum na realidade globalizada, o que caracteriza-se pelo dinamismo e constantes resinificações dos símbolos. E o Brasil é um grande exemplo dessa verdadeira miscigenação, desde a sua colonização, até a vinda dos imigrantes, que construíram e seguem montando o vocabulário, a culinária e até a forma de viver. Assim, como defende o sociólogo Zygmunt Bauman, garantir a genuinidade das tradições é praticamente impossível na modernidade em consequência da constante troca de informações, deste modo, a apropriação cultural e a monopolização de objetos atuam como meio de restrição da liberdade dos indivíduos para utilizar um elemento ou realizar determinada prática.    No entanto, também vale ressaltar que essa alforria exacerbada também pode apresentar empecilhos quando ultrapassa-se o limite entre direitos iguais para todas as classes e exclusão da minoria. Isto é, com a apropriação por parte da Indústria Cultural de certos objetos considerados símbolos de resistência e grande significação, a camada dominante acaba por aderir e ser considerada ´´dentro da moda´´ enquanto a que verdadeiramente utiliza pelos princípios originais é vítima de constantes preconceitos. Exemplo disso foi o apedrejamento da menina negra por usar turbante, no mesmo tempo em que esse objeto é visto como acessório estético pelas revistas da alta classe social.    Logo, percebe-se que culpar a mulher branca por usar os ´´dreads´´ não vai solucionar o problema, e sim uma mudança na perspectiva da Industria Cultural de como abordar a publicação de peças que remetem às culturas marginalizadas tendo em vista somente o lucro. Portanto, cabe ao Governo Federal, a partir de leis, estabelecer a obrigatoriedade, para todas as agências de marketing brasileiras, da utilização de modelos negras e brancas nas propagandas e difusão de objetos que, de certa forma, são influenciadas por essas culturas, com o intuito de estabelecer a democraticidade e sanar o preconceito da sociedade. Não só isso, como também cabe ao Ministério da Educação implantar nas escolas, por intermédio de normas, disciplinas obrigatórias que lecionem as diferentes origens e tradições de todos os povos, a fim de mitigar essa problemática desde cedo.