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Enviada em: 26/02/2019

Compreendida como a adesão de objetos e/ou de comportamentos inerentes a uma dada cultura, por indivíduos pertencentes a uma etnia diferente, a apropriação cultural é um assunto que ganhou notoriedade, em muitas partes do globo, nos últimos anos. No Brasil, os debates dividem opiniões. Muitos cidadãos não concordam com a existência da apropriação, alegando a miscigenação do país e o seu direito à liberdade; enquanto outros defendem a legitimidade o termo, argumentando que culturas, historicamente discriminadas, sofrem banalização quando se tornam comuns. Assim, por se tratar de uma questão que envolve todos do meio social, a omissão dos órgãos competentes frente às discussões desse tema torna-se inviável.    No ano de 2018, a blogueira Bianca Andrade aderiu às tranças rastafáris ao seu visual, e em seguida, apareceu com um black power. No entanto, esses estilos não foram bem vistos por alguns dos seus seguidores, que a criticaram duramente e a acusaram de apropriação cultural. Inicialmente, não há problema em utilizar símbolos pertencentes a uma cultura diferente daquela de quem os usa. Entretanto, indivíduos que adotam esses elementos aos seus costumes devem refletir sobre o peso que os objetos, principalmente os de origem africana, carregam. São sinônimos da resistência e da luta de um povo.     Segundo o poeta negro B. Easy, a pessoa quando usa acessório e roupa, sem saber as suas cargas emocionais e as suas origens, acaba contribuindo para o não-reconhecimento de uma etnia segregada socialmente durante anos. Contudo, pelo fato de ser um tema que ganhou relevância em debates, recentemente, haja visto, sobretudo, a disseminação da internet, e, por consequência, das redes sociais,  muitos indivíduos ainda são leigos acerca da apropriação cultural e da ofensa gerada a grupos que se sentem humilhados tradicionalmente, e, por isso, acabam utilizando peças individualizadas desse povo.    Em vista disso, cabe aos órgãos competentes veicular nos meios midiáticos propagandas que informem a população sobre o que é a apropriação cultural, explicando ao público a importância social de se conhecer o tema, para que assim, todos, além da sua liberdade garantida, tenham o respeito consagrado às lutas particulares de um povo. Quanto às instituições escolares compete ensinar seus docentes, seja por meio de trabalhos extraclasses ou por meio de palestras, a importância de pensar nos costumes do outro e nas causas que essa cultura traz consigo, formando, desta maneira, desde a infância, cidadãos cientes a respeito do tema.