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Enviada em: 24/07/2018

Apropriação cultural: a luta invisível     Na primeira fase do romantismo, o índio era retratado como herói nacional e símbolo patriótico.Vários autores, como José de Alencar e Gonçalves Dias, publicaram obras exaltando os povos nativos. Essa corrente literária agiu contra a imposição de costumes estrangeiros e visava criar uma identidade para o país. Porém, o que é observado hodiernamente, de forma irônica, é a valorização da cultura desses grupos autóctones brasileiros e dos afrodescendentes, todavia não por questões ufanistas, mas por questões de marketing.      Outrossim, ao analisar o contexto social, é possível perceber a alienação da sociedade mediante à apropriação cultural, que pode ser definida por: adoção de hábitos ou costumes característicos de  uma etnia de forma banal e insipiente por outras comunidades, ignorando o contexto histórico. Logo, um de seus sinais fora quando houve a popularização do índio no carnaval, em que foliões festejaram com cocares e pinturas de guerra, sem consciência de que os povos nativos enfrentam constantes invasões territoriais e pressões governamentais que tentam corromper seu modo de vida.      Ademais, a própria mídia, ao tratar da inclusão de outras culturas, fere o contexto social em que esses grupos se encontram. Essa ação fora explicitada no clipe "Paradinha" , da cantora Anitta, no qual a artista adotou o uso de tranças afros em um dos figurinos. De tal forma, esse fato incomodou as camadas negras, pois enquanto o marketing propaga as vestimentas e costumes característicos, a situação do negro no Brasil ainda apresenta segregação social, com altos índices de descriminação e exposição à violência, mesmo após 130 anos da abolição da escravatura.     Por fim, é inegável a diferença entre integração social e apropriação cultural, pois, não há como valorizar uma determinada etnia desconhecendo sua história e ignorando sua luta por direitos. Portanto, julga-se necessário que o Ministério da Cultura, em conjunto com o Legislativo, formulem uma lei que torne obrigatória a arrecadação de parte dos lucros pela venda de objetos étnicos afros e nativos brasileiros, com a intenção de dar suporte por meio de investimentos em organizações que busquem seu desenvolvimento, como a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) e Soweto Organização Negra. Dessa forma, seria possível realizar a criação de centros de cultura, com a disponibilização de aulas de música,folclore,danças e literatura, para disseminar os costumes desses grupos entre a população.Também, esses centros poderiam gerar empregos e formação técnica, para atenuar a segregação social , oferecendo melhores oportunidades de vida à essas comunidades, corroborando para a diminuição de episódios inadequados de assimilação cultural.