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Enviada em: 21/08/2018

Conhecido no cenário internacional como um país pluricultural, o Brasil apresenta, historicamente, um quadro bastante favorável à miscigenação. No entanto, a problemática surge, em particular, quando o respeito à identidade cultural dos diversos povos contribuintes para a cultura nacional é perdido em meio à apropriação. É preciso, pois, que as origens culturais de práticas já quase enraizadas pela nação sejam sempre retomadas e relembradas, em prol de garantir a manutenção do real significado de determinada ação para determinado grupo.       Em primeiro plano, é necessário romper com a falsa premissa que a apropriação cultural é benéfica para expandir determinadas culturas. Nesse contexto, é importante relacionar o uso de algumas práticas -tais como música, dança, lutas, festas e objetos- como forma de gerar capital para um grupo dominante na sociedade,  o que já era estudado pelo sociólogo Karl Marx em diversas teorias sobre a historicidade e a expansão do capitalismo. Assim, pode-se exemplificar o Carnaval como uma das maiores formas de apropriação cultural existentes no modelo atual de sociedade, visto que, apesar de muitos serem adeptos de comemorar essa festa -extremamente rentável nos ramos de turismo e lazer-, poucos sequer conhecem ou valorizam a origem do evento.       Paralelo a isso, destaca-se, também, os malefícios históricos pelos quais a apropriação cultural é responsável. Diante dessa perspectiva, o sociólogo Stuart Hall -conhecido como padrinho do multiculturalismo- analisa a identidade cultural moderna e afirma que esta não é mais fixa, ou seja, parte de uma história autoconstruída que não é mais determinada por grupos sociais ou etnias. Essa mudança, portanto, resulta da globalização e tem como consequência a desconexão identitária -fator corrosivo para a tão importante manutenção das culturas individuais.        Impende, pois, que a absorção de hábitos e costumes pertencentes a um grupo ou originados dele requer cuidado para que não haja desapropriação e que seja mantido o respeito e as ideologias  originais envolvidas naquele ato. Cabe ao Ministério da Cultura, em parceria com os canais de comunicações audiovisuais, oferecer os devidos esclarecimentos à população acerca da apropriação cultural, por meio de campanhas, filmes e novelas, a fim de explicitar o sentimento de perda de identidade que um grupo étnico ou religioso sofre ao ter seus hábitos fagocitados por classes dominantes ou de maior prestígio sem carregar os significados originais. Essas ações, por fim, atingirão o objetivo de promover o respeito e a conscientização necessária para evitar conflitos de âmbito cultural.