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Enviada em: 27/08/2018

Encanto e deslumbramento cultural resumem a Carta de Caminha ao relatar a descoberta dos indígenas no território brasileiro. Em tal epístola manifestara uma apropriação cultural mútua entre portugueses e indígenas. Ao longo do tempo, a sociedade foi se definindo pela miscigenação entre portugueses, espanhóis, indígenas e africanos em um multiculturalismo nacional. No entanto, nesse pluralismo étnico, o maior desafio tem sido a valorização e o respeito a cada um desses grupos. Para tanto, fa-se necessário o conhecimento e o respeito a cada cultura.          Em primeira análise, é valido rememorar o episódio em 2017, onde uma menina branca foi reprimida por uma negra pelo fato de usar turbante, trazendo à tona a necessidade de reflexão do uso de objetos de resistência cultural a partir da compreensão de suas características. Diante desse episódio, é possível resgatar a ideia do autor Fernando Pessoa, o qual foi categórico ao dizer: “cultura não é ler muito, nem saber muito, é conhecer muito”, nesse sentido, percebe-se o peso do processo educacional como fator relevante para o conhecimento e respeito aos símbolos históricos do país, os quais podem sim serem incorporados às diferentes etnias, desde que apresentem sua essência simbólica como fator relevante.            Não bastasse isso, elenca-se ainda a implicação da modernidade líquida nesse contexto. O livro: “A cultura no mundo líquido moderno”, do sociólogo Bauman, evidencia os processos culturais em seu caráter adaptável à liberdade de escolha de cada indivíduo, todavia, tal critério pode gerar uma problemática quando da substituição obsessiva desses padrões, a partir da ausência de formas sólidas. Exemplos disso são os padrões impostos pelo sistema capitalista vigente, o modismo perpetuado pelas mídias sociais faz com que muitos objetos sejam vendidos com o objetivo lucrativo e não cultural. Nesse princípio, o respeito cultural sobre cada grupo torna-se fluido, esvaindo-se no tempo.           Diante do exposto, cabe ao Ministério da Cultura formular um projeto para que todos os objetos oriundos de processos culturais sejam acompanhados de conteúdo histórico, possibilitando aos indivíduos consumidores o entendimento de cada cultura. Além disso, as mídias sociais devem divulgar documentários, na televisão e internet, sobre as características culturais de cada grupo, conscientizando a população brasileira acerca da multiculturalidade existente. Aliando esses fatores, o Brasil poder-se-á ver livre de qualquer preconceito contra a apropriação cultural, excluindo o modismo imposto pelo capitalismo global, o qual transgride as boas condutas sociais da humanidade.