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Enviada em: 29/08/2018

Das novas tábuas da dicotomia: a segregação em nome da cultura, da etnia e do puro preconceito       Direitos legais espaço social e histórico são ambições de muitos indivíduos, cuja cultura fora sufocada em função de uma outra que prevalecia socialmente. Assim, numa luta de evolução crônica, a conquista dessas ambições tornou-se necessária diante de um cenário de preconceito racial e cultura. Contudo, com seus direitos e espaço já conquistados, é no século XXI que os cultores, outrora perseguidos, definem preceitos básicos para a aderência a sua cultura: tais como cor, herança étnica etc; fato este que é proponente de uma nova segregação e, por consequência disso, de um potencial retrocesso.       Destarte é necessário ressaltar que grande parte das condenações a um suposto caso de “apropriação cultural” estão relacionadas ao consumo estético; adornos oriundos de culturas afro-orientais, por exemplo, por pessoas que não representam as raízes dessas mesmas culturas, resultando em uma dicotomia social entre aqueles que são adequados ou não para o uso do turbante, dos colares, o chamado vestuário “baiana” etc.       Outrossim, é fundamental destacar que a maior parte das populações mundiais são dotadas de heterogenia no que tange a aspectos étnicos e religiosos. Desta forma, é possível citar analogamente a antiga província de Flandres na renascença, cuja diversidade de produtos e serviços oriundos de outras culturas, simbolizava opulência para toda sociedade medieval; posto isso, é vital salientar que o consumo da estética cultural de um determinado povo é um potencial fator de inclusão do mesmo na sociedade.        Entrementes, o que parece ser um esforço para manter a integridade cultural, contraverte a luta travada por, por exemplo, negros brasileiros que ansiavam pela inclusão social. A respeito disso, Rudolf Von Ihering propõe: “O direito é conquistado com sangue e suor, motivo pelo qual é tão caro aos seus favorecidos”; de modo que, se a igualdade já fora conquistada e inserida na sociedade tão integralmente que se valha como axioma, a fomentação da desigualdade é um atentado contra o estágio de desenvolvimento social in status quo (do latim, no estado atual).       Enfim, cabe ao Estado fomentar programas cuja finalidade é conscientizar os cidadãos aculturados que etnia não deve ser um parâmetro para impedir a aderência à cultura; bem como trazer à tona a real finalidade das culturas, que consiste, in lato sensu (sentido amplo), na propagação de costumes, nos quais estão também podem ser inseridas as crenças; com a finalidade de promover o fim da dicotomia e a melhor difusão de ricas culturas. Afinal, é disso que se trata, uma questão de consciência social.