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Enviada em: 31/08/2018

Cultura como mercadoria e invisibilidade do povo.       Com a crescente movimentação de minorias em busca de aceitação e reconhecimento no meio em que vivem, muito se tem discutido - principalmente no Brasil - acerca da apropriação cultural. A partir disso, a transformação de símbolos que representam diferentes grupos em mercadoria afeta, diretamente, processos de construção identitária.        À luz de Adorno e Horkheimer, concomitantemente ao advento do sistema capitalista, houve o surgimento de uma "Indústria Cultural", a qual, por meio da supressão de significados atribuídos a objetos, transformava arte e cultura em meros produtos. Nesse sentido, o debate sobre a apropriação cultural torna-se necessário na sociedade brasileira, tendo em vista que por esta ser miscigenada, o não reconhecimento da cultura de povos que contribuíram na construção de sua própria história, faz com que ocorra - ainda que imperceptivelmente - a negação de sua origem.        Sob ótica histórico-atual observa-se, ainda que em menor escala, a existência de ideias remetentes ao período colonial do Brasil, principalmente aquelas que atingem a população negra. Tomando-se como exemplo o uso de turbantes, nota-se que tal símbolo da cultura africana perde seu sentido ao ser usado por ícones da moda e, ao ser introduzido na indústria elitista, faz com que uma construção identitária seja rompida, assim como ocorria em meados de 1600, quando a população negra era impedida de praticar sua religião e até mesmo utilizar seus artefatos.        Em última análise, a apropriação cultural provoca, portanto, a invisibilidade da luta e da resistência de determinados grupos frente às injustiças sofridas tanto no passado, quanto nos dias atuais. Por causa disso, hoje, movimentos sociais clamam, por meio de protestos, por uma maior conscientização dos indivíduos da sociedade para com os demais, na tentativa de trazer reconhecimento àqueles que fazem parte do povo brasileiro e da sua história.        Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que a indústria da moda, por meio da inclusão de representantes de grupos relacionados a seu produto em comerciais e banners, traga visibilidade às diferentes culturas presentes no país, democratizando, desta maneira, a liberdade de expressão. Ademais, é imprescindível que o Estado, aliado à Mídia, atue com o uso do programa de rádio "A voz do Brasil", na divulgação do tema "apropriação cultural" através de debates, dando apoio a movimentos sociais de inclusão e afirmando, assim, sua própria origem.