Enviada em: 08/09/2018

A carta de Caminha, obra Quinhentista, aborda o encontro de duas culturas, a indígena e a portuguesa, que posteriormente passaram por um processo de miscigenação de forma mútua com a cultura africana. Dessa forma, no hodierno, a sociedade brasileira mostra-se multicultural. Apesar desse caráter, a apropriação cultural tem se mostrado um desafio social, uma vez que aborda o conflito entre a liberdade individual e a particularidade de grupos específicos e históricos, como os africanos.   Nesse contexto, a liberdade pode ser definida como a autonomia de um indivíduo. Na Constituição brasileira, artigo 5°, a liberdade de expressão é afirmada como direito do brasileiro. Diante desse fato, mostra-se que a expressão cultural de uma pessoa é de livre escolha desta, ou seja, a apropriação cultural, nesse caso, torna-se um conceito limitador da democracia de um sujeito, que tem como direito ser espontâneo nas suas escolhas culturais.   Entretanto, é fato que culturas indígenas e africanas, durante o processo de colonização brasileira sofreram inúmeros processos de aculturação, ou seja, retirada de traços significativos de suas culturas. Seguindo essa lógica, pode-se afirmar que a proteção da cultura desses povos deve ser realizada para que, como fatores históricos, não sofram com o caráter apropriador modista, que a sociedade vêm apresentando. Afinal, tal como o sociólogo Bauman apresenta em seu livro  “A cultura no mundo líquido moderno”, a cultura de um povo pode virar um produto comercial da moda, quando o devido conhecimento histórico dela é ignorado.      É perceptível, portanto, a necessidade do Ministério da Cultura divulgar características históricas das diversas culturas brasileiras, a partir de panfletos e propagandas educativas para que as manifestações culturais possam ser de fato adaptáveis à escolha de cada indivíduo, mas feita de forma respeitosa. As mídias sociais também podem ser utilizadas como meio de conhecimento dessas culturas. Assim, a apropriação cultural deixar-se-á de ser um conflito no Brasil.