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Enviada em: 11/12/2017

Apropriação cultural é a adoção de alguns elementos tradicionais e específicos de um grupo por outro de aspecto e comportamento diferente. Pode-se considerar esse intercâmbio como uma interação sadia. Porém, quando membros de uma cultura dominante incorporam componentes de outra, cujos integrantes sofreram opressão sistemática daquele mesmo grupo dominador, estabelece, então, uma desigualdade sociocultural. E isso tem sido uma realidade que marca a sociedade brasileira, principalmente no que tange à condição da população negra. Essa problemática pode advir tanto da ausência do tema na educação formal, quanto pelo papel da mídia.      Em primeiro lugar, é preciso abordar a falha nas escolas quanto ao ensino da origem e significados dos elementos negros. De fato, boa parte dos educadores não apelam para esse compromisso humanístico, prezando mais o conteudismo do que o conhecimento de caráter histórico-social. Segundo Paulo Freire, sem educação adequada, a sociedade não muda. Nesse sentido, a falta de informação de cunho cultural favorece, mesmo que indiretamente, a manutenção da negligência e relativização dos costumes de um povo invisibilizado por séculos.      É preciso considerar, ainda, o fato da indústria do entretenimento fazer uso de adereços e penteados africanos em atrizes e cantoras brancas. A mídia, ao se apoderar desses elementos, tira o significado original deles, que é o da resistência e autoafirmação do povo negro. Dessa maneira,  tais itens transformam-se em apenas uma peça fashion, cuja apreciação está restrita à população branca. Isso fica evidente em um clipe de 2017, onde a americana Demi Lovato usa tranças africana. Acusada de apropriação, a cantora limitou-se a dizer que eram apenas "torções" e que, de qualquer forma, estavam radiantes. Pode-se perceber, nesse caso, um certo esvaziamento de uma tradição importante.    Fica evidente, portanto, que a apropriação cultural existe e é prejudicial. Para mitigar essa problemática, faz-se mister que a Secretaria da Educação elabore cartilhas educativas destinadas aos alunos, tendo como abordagem esse tema. Palestras ministradas por cientistas sociais em igrejas e comunidades também ajudarão a disseminar essas informações. Com isso, os estudantes e a população poderiam ficar cientes desse entrave, prevenindo a ocorrência de apoderamento cultural vazio e gratuito.. Por outro lado, a mídia, ao invés de usar peças de origem africanas em pessoas brancas, poderia usar diretamente em afrodescendentes, abrindo espaço para esses profissionais também atuarem. Assim sendo, mais visibilidade seria dada a esse povo, valorizando uma cultura tão essencial para o país.