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Enviada em: 11/12/2017

Segundo o filósofo alemão Georg Hegel, a concepção de cultura está diretamente relacionada à relação entre o homem e os elementos que compõem sua existência, dentre eles o trabalho, a religião, a arte, a ciência e a política. Quando se discute sobre apropriação cultural é preciso compreender que o termo não se refere simplesmente ao uso de elementos típicos de uma cultura por um pessoas pertencentes a um grupo cultural diferente. A problemática reside na crítica à um fenômeno estrutural e sistêmico que promove o processo de aculturação.   Entendida como a fusão de elementos pertencentes a duas ou mais culturas, a aculturação esteve bastante presente na formação do povo brasileiro. A catequização dos índios através dos jesuítas e a escravização dos negros provocou não só a abdicação de crenças tradicionais, mas também a perda da identidade de ambas as culturas. A interpenetração dos costumes de povos distintos é fomentada por um histórico marcado pelo imperialismo, colonialismo e genocídios. Dessa forma a reação indígena e africana à dominação portuguesa se concebe como uma forma de resistência e resiliência.     É importante ressaltar que a apropriação cultural não pode ser entendida ou problematizada sob o ponto de vista particular e individual já que as consequências desse processo são sempre em nível coletivo. A adoção de elementos, símbolos e costumes de um povo que não pertencem à cultura dominante favorece o processo de exclusão ao reforçar a exotização e marginalização desses elementos. No contexto capitalista, observa-se que a apropriação assume valor lucrativo com a imposição da cultura europeia e norte-americana e a invisibilização das demais.    Em suma, a apropriação cultural não é uma crítica ao indivíduo em particular, mas à estrutura midiática e capitalista que silencia e desvaloriza as minorias. Sendo assim, o processo de hierarquização cultural contribuiu para a manutenção de uma estrutura racista e nociva. Portanto, faz-se necessário que a Organização das Nações Unidas (ONU) promova seminários e encontros entre pessoas de diferentes etnias a fim de ampliar a compreensão e o respeito entre culturas diferentes. Ademais, é preciso incluir o tema nas provas de vestibulares com o objetivo de conscientizar os jovens sobre o assunto e fomentar debates construtivos.