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Enviada em: 20/12/2017

Quando se passa a incrementar hábitos, vestimentas ou acessórios do repertório cultural de grupos culturais distintos tem-se, de acordo com a definição da antropologia, a apropriação cultural. No Brasil, a apoderação das culturas afro-brasileiras pela indústria cultural causa um extenso debate que, infelizmente, na maioria das vezes, leva aos discursos de ódio e a separação de povos, sobretudo os representantes da cultura negra e os não afrodescendentes, os ditos apropriadores de produtos da cultura daqueles.     É válido frisar que a Indústria cultural, embora divulgue uma determinada cultura, bem como os hábitos desta, não divulga uma legítima representatividade da mesma. Exemplo disso, é quando se vê, em capas de revistas, artistas com o fenótipo branco apoderando-se de acessórios da cultura afrodescendente enquanto não há quase nenhuma negro nesses meios midiáticos representando sua própria cultura. É pueril afirmar que só pelo fato do país ser multicultural não existe essa apropriação, visto que compartilhar da cultura do outro é diferente de monopoliza-lá. No primeiro caso, tem-se a disseminação da diversidade cultural, no segundo o monopólio da representatividade da cultura de outrem. E isso é o grande problema da apropriação cultural, já que descaracteriza todo o contexto histórico de uma cultura  e desrespeita seus representantes.      Dessa forma, essa questão causa um complexo debate e, muitas vezes, os discursos de ódio. Como ratificação, tem-se as inúmeras ofensas dirigidas à cantora Anitta que foram retratadas em todos os meios midiáticos. Por esta ter pousado em uma revista com dreads, acessório tipicamente da cultura afrodescendente, houve militância negra intolerante até mesmo com fato de pessoas ditas brancas utilizarem qualquer acessório de sua cultura, e os autodeclarados brancos utilizavam-se da questão da apropriação cultural para destilar seu racismo. Assim, não se chega a um consenso e a questão da apropriação cultural vai ficando mais crítica.    Por conseguinte, medidas que resolvam o impasse devem ser tomadas. É preciso que o Ministério da Educação, por meio de verbas provindas da Receita Federal, crie ou amplie campanhas e palestras que disseminem em todos os centros educacionais a englobação cultural, visto que esta é essencial ao combate a todos os tipos de preconceitos, contudo uma posse cultural consciente, isto é, dando espaço aos representantes oriundos da cultura em questão. Ademais, é preciso que o Congresso Nacional criem ou ampliem leis que, de acordo com o que rege a Constituição Federal de 1988, garantam o direito à representatividade dos povos, afim de que essa apropriação não seja mais um problema, e sim apenas uma forma de disseminar a diversidade e o respeito cultural.              .