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Enviada em: 07/01/2018

Recentemente, a discussão sobre a apropriação cultural ganhou o fervor nas redes sociais. O uso de um turbante - muitas vezes relacionado à cultura africana -, por uma mulher branca, gerou um grande debate referente ao seu direito de escolha. Uma vez que a principal característica do Brasil é sua diversidade, a estigmatização tem duas faces: promoção de uma perspectiva de união e da desqualificação de minorias.       Na história do Brasil, os escravos trazidos à força da África não eram vistos como pessoas. Seu conhecimento e sua cultura eram considerados inferiores e primitivos, motivo pelo qual sofreram séculos de violência e imposição de valores alheios. Com quase 120 anos da abolição da escravidão, percebe-se hoje um momento de resgate do orgulho da ancestralidade por uma importante parcela da população.       Entretanto, a grande combinação de elementos e origens contribuem para a identidade brasileira. Em razão disso, é improdutivo tentar segregar características absolutamente exclusivas de um ou outro segmento da sociedade. Os processos de mútua influência acabaram por construir algo novo e genuíno. A tolerância do brasileiro ao novo permite que esse processo nunca se interrompa. Mesmo os três elementos majoritários da formação étnica e cultural brasileira - o negro, o índio e o branco - são uma simplificação, pois incontáveis os subtipos de cada um deles.       Assim, constata-se a necessidade de reforço do resultado de tudo isso. Independentemente da origem, é importante perceber que essa diversidade é o principal elemento de coesão da sociedade. O Ministério da Cultura - por meio das mídias de alcance nacional e das respectivas secretarias municipais e estaduais - deve iniciar uma campanha para que pessoas de todas as idades e origens conheçam essa diversidade.       Uma vez que se percebe a natureza da identidade brasileira, discussões a respeito de apropriação cultural perdem o sentido. A valorização das minorias faz parte da construção dessa identidade. Um país justo e democrático reconhece e tem orgulho de sua diversidade.