Materiais:
Enviada em: 29/01/2018

No limiar da hodiernidade, vivemos um grande dilema: a questão da apropriação cultural. De um lado, do ponto de vista resistivo de uma cultura marginalizada, como a cultura negra, a apropriação cultural torna-se uma espécie de defesa a um "ataque", na maioria das vezes, fantasioso. Do outro, de um ponto de vista integrativo, não aceitar que um indivíduo de uma cultura diferente comungue da sua, é relegar toda a miscigenação - iniciada em grande escala durante as Grandes Navegações no século XIV - à condição de colateralidade.         Em meio a liquidez contemporânea, palco de relações superficiais, - como apregoava o sociólogo Zygmunt Bauman - já não se sabe mais diferenciar o que homenagem do que é deboche. Bom exemplo disso, foi o fato ocorrido em fevereiro de 2017 no Brasil, em que uma jovem branca com câncer e sem os cabelos devido ao processo de quimioterapia, foi abordada de maneira grosseira por duas jovens negras, sendo acusada de estar adotando uma cultura que não era sua. Desse modo, é possível afirmar que é totalmente paradoxal, um indivíduo, cuja cultura fora marginalizada por séculos, e ainda continua sendo, tentar proibir a popularização desta.     Em meio a esse contexto, pode-se dizer que, em um mundo globalizado, marcado pela miscigenação, a troca de informações e também da cultura é inelutável. Nesse sentido, segundo o Departamento de Estatística da Universidade de São Paulo (USP), no Brasil, cerca de 70% dos indivíduos pertencentes à minoria - seja ela racial, econômica ou social - adotam um comportamento de expressiva apropriação cultural. Dessa forma, tal atitude ameniza qualquer tentativa de expressão e divulgação cultural, principalmente quando esta ação parte das classes mais marginalizadas.      Infere-se, portanto, que a questão da apropriação cultural tem todos sinais para se tornar, potencialmente, um dos mais desastrosos problemas a serem confrontados no século atual. Frente a essa realidade, cabe às Escolas e Universidades - epicentro das discursões sobre o tema nos quatro cantos do  mundo - estimularem os jovens à debaterem sobre o assunto, e fomentarem nestes o desejo de serem cidadãos mais engajados, através de palestras, congressos e demais meios que estes centros de educação dispõem. Além disso, seria interessante que as mídias - como meios de comunicação em massa - expandissem essa discursão para além das salas de Aula, através do rádio, da televisão e da internet, com o intuito de desmistificar o tema. Só assim, o preconceito, paulatinamente, cessar-se-á.