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Enviada em: 22/02/2018

Pano bonito pode ser significativo.   Auto declarada livre de preconceitos e tabus, a sociedade do início do século XXI traz aos mercados conceitos inovadores, desde a veste típica japonesa, o quimono, à camisetas réplicas do uniforme dos menores detentos da Fundação Casa. Porém, qual é ponto onde a apropriação cultural é dada de caráter respeitoso e ético com os reais significados desses movimentos, trajes e problemáticas da sociedade.  Muitos grupos étnicos ao redor do mundo utilizam o poder visual das vestes para exporem suas lutas, tradições e rituais. Associado a configuração da sociedade atual, com maior liberdade e menos preconceitos, grandes empresas viram na apropriação cultural uma forma de lucro fácil. Com pequenos discursos ou grandes shows midiáticos, fingem envolvimento com as causas apenas para se auto promoverem, deixando a ética e o respeito de lado.  A venda em massa de réplicas do uniforme dos detentos da Fundação Casa exibe com clareza a falta de preocupação com o real significado, uma vez que, não há qualquer preocupação com a problemática envolvendo as vidas desses menores e de suas famílias. Outro exemplo são das marcas, principalmente de produtos de beleza, que estão há anos no mercado e apenas agora, com a alta desses movimentos, se preocupam com linhas próprias para cabelos crespos e peles negras.  Para a venda e apropriação cultural, o respeito à causa deve ser sobreposto a qualquer lucro monetário, sendo necessário entender que a história vai além de uma peça ou um acessório. Para isso, devem existir leis que cobrem das empresas respeito e, além da venda dos produtos, tragam a história e o real significado de quem usa tal peça ou acessório. Nas escolas, tais formas de lutas deveriam ser parte do cronograma educacional, criando nos alunos a noção das causas. Para os fashionistas, o uso deve ser possível, mas nunca com seu real significado apagado apenas em nome da moda.